Itália realiza referendo que se transformou em plebiscito a Renzi
Os italianos votam em referendo no domingo uma reforma constitucional que visa reduzir o poder do Senado e aumentar a estabilidade política, mas que se transformou num plebiscito ao primeiro-ministro, Matteo Renzi.
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Mundo Roma
Segundo as últimas sondagens, a reforma constitucional será derrotada, com 55% para o "não" e 45% para o "sim", mas a elevada percentagem de indecisos -- 15% a 25% - pode revelar-se determinante.
Apoiantes e detratores da reforma fizeram campanha como se o referendo fosse de facto um teste à gestão de Renzi, mas foi o próprio Renzi quem personalizou a reforma e anunciou que se demitiria se ela fosse chumbada.
Nos últimos dias, no entanto, o primeiro-ministro disse ter sido "um erro" colocar o referendo como um plebiscito à sua gestão, afirmando que a consulta "não é sobre o governo", mas voltou a vincular a sua continuidade no cargo à aprovação da reforma.
"Não sou de me agarrar ao poder pelo poder. Só fico se puder mudar as coisas", disse numa entrevista.
O governo está sozinho na defesa da reforma constitucional e a oposição assegura que exigirá a sua demissão em caso de vitória do "não".
A reforma, como a caracteriza Renzi, vai modernizar o país, reduzir os custos da política, agilizar o processo legislativo e facilitar a estabilidade num país que teve 63 governos nos últimos 70 anos.
O principal ponto da reforma é a eliminação do chamado "bicameralismo perfeito", retirando quase todo o poder legislativo ao Senado, que passa a ser um órgão consultivo formado por 100 senadores, contra os atuais 315, escolhidos pelos governos regionais e locais.
Para a oposição, pelo contrário, a reforma é "um fato à medida de Renzi", segundo o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, e uma iniciativa ilegítima por não assentar num consenso, segundo o Movimento 5 Estrelas (M5E).
Argumentam que, ao não eliminar o Senado, a reforma vai criar uma duplicação de funções entre as duas câmaras e, ao determinar a escolha dos senadores pelos governos regionais e locais, corre o risco de transformar a câmara alta num refúgio de corruptos.
Uma eventual derrota de Renzi no referendo pode ter um importante impacto económico, como sugerem a repetida subida das taxas de juro da dívida soberana das últimas semanas e a preocupação crescente com os créditos de cobrança duvidosa que ensombram a banca italiana.
E reforçar a posição de partidos populistas como a Liga do Norte e o M5E, que defendem um referendo sobre a permanência de Itália no euro e não hesitariam em tornar esse um tema central da campanha em caso de eleições antecipadas.
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