Meteorologia

  • 20 ABRIL 2024
Tempo
16º
MIN 15º MÁX 23º

Líder do PASOK denuncia os "maus governos" do SYRIZA

A líder do PASOK grego, Fofi Gennimata, definiu em declarações à Lusa como "um mau acordo" a aproximação entre Atenas e Skopje sobre o diferendo em torno da ex-república jugoslava e que aguarda votação no parlamento grego.

Líder do PASOK denuncia os "maus governos" do SYRIZA
Notícias ao Minuto

18:25 - 07/12/18 por Lusa

Mundo Fofi Gennimata

"O acordo de Prespa entre Grécia e FYROM não é um bom acordo", assinalou Fofi Gennimata em entrevista por escrito à Lusa, numa referência ao texto assinado em julho pelos dois governos para alterar o nome "provisório" Antiga República Jugoslava da Macedónia (FYROM, na sigla em inglês) para República da Macedónia do Norte.

"Não só não resolve os antigos problemas criados pelas pretensões nacionalistas em detrimento do nosso país e da Macedónia grega -- pretensões inscritas até na Constituição de Skopje -- mas cria ainda novos problemas. O reconhecimento de nacionalidade macedónia e da língua macedónia são os pilares básicos do nacionalismo no país vizinho. Já começou a manifestar-se uma nova retórica irredentista pelo primeiro-ministro Zoran Zaev", disse a líder dos socialistas gregos.

E acrescentou: "Nós, não vamos votar o Acordo de Prespa quando chegar ao Parlamento".

Este acordo é considerado essencial para as pretensões macedónias de adesão à NATO e aproximação à União Europeia, que desde a independência do país, em 1991, são bloqueadas por Atenas.

O documento já foi aprovado pelo parlamento de Skopje, após ter sido legitimado pelo governo de coligação dirigido pelo primeiro-ministro social-democrata Zoran Zaev.

No entanto, o acordo tem sido contestado com veemência pelos setores da oposição nos dois países e ainda não foi aprovado pelo Parlamento grego, que necessita de uma maioria simples (151 votos) para permitir a sua legitimação.

No hemiciclo grego a generalidade dos partidos, à exceção do Syriza (145 deputados) -- incluindo o parceiro menor da coligação dos Gregos Independentes (ANEL) --, criticam o acordo e parecem pouco dispostos a aprová-lo, o que poderá originar uma crise política.

"O Governo grego deveria ter negociado de forma que todas as teorias sem fundamento histórico e todas as reivindicações irredentistas tivessem sido eliminadas da Constituição de FYROM. Isso não foi feito", prosseguiu Fofi Gennimata, 54 anos, líder do PASOK desde 2015 e também dirigente do Movimento para a Mudança (KINAL), uma coligação de partidos de centro-esquerda formada em torno do Partido Socialista Pan-Helénico (PASOK).

Em termos de política interna, a dirigente dos socialistas gregos reafirmou a necessidade de eleições legislativas antecipadas, que segundo a legislação eleitoral deverão apenas ocorrer no outono de 2019.

"Temos vindo a pedir a realização de eleições, quanto mais rápido melhor. As perspetivas para o nosso partido são favoráveis e acreditamos que nestas eleições teremos uma inversão da correlação de forças políticas com um reforço significativo da nossa força eleitoral", assegurou Fofi Gennimata, que se deslocou a Lisboa para participar no congresso do Partido Socialista Europeu (PSE).

A dirigentes dos socialistas gregos considera ainda os governos de coligação SYRIZA-ANEL, dirigidos desde janeiro de 2015 pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras, como "responsáveis pela regressão do país nos últimos quatro anos".

O SYRIZA, proveniente da esquerda radical e alternativa, venceu com larga vantagem, mas sem garantir maioria absoluta, as duas eleições legislativas de janeiro de setembro de 2015, e que confirmaram um enorme recuo eleitoral do PASOK, que a par dos conservadores da Nova Democracia (ND) dominou a vida política helénica desde o regresso da democracia em 1974 e até ao início da "crise da dívida" em 2010.

"Tratam-se de maus governos. Comprometeram o país com o fardo do terceiro memorando. Sobrecarregaram a sociedade grega com impostos insuportáveis, cortaram dramaticamente salários e reformas, desmantelaram o Estado social, mantêm a economia em baixos ritmos de crescimento, dificultando a saída da crise", sustenta nas suas declarações.

"Também aplicam 'fielmente' políticas conservadoras, tentam impor lógicas sistémicas às instituições e aos meios de comunicação social, apoiam-se no Estado partidarista e no clientelismo".

Numa referência à natureza política do SYRIZA, a presidente do PASOK recusa-se a situá-lo no campo das esquerdas.

"O SYRIZA não é um partido do centro-esquerda, não pertence ao espaço político-ideológico da social-democracia. Nem sequer é um partido de esquerda. Tsipras finge perante a Europa ser de esquerda, mas na Grécia governa em coligação com o partido da extrema-direita dos Gregos Independentes. Julgo que a identidade e a política atuais de SYRIZA não deixam espaço a uma eventual adesão à Internacional Socialista".

A líder do PASOK encontra-se em Lisboa para participar no Congresso do Partido Socialista Europeu (PSE), que decorre entre hoje e sábado nas instalações do ISCTE.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório