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Exposição no Panteão recorda Sidónio Pais no centnário da sua morte

O Panteão Nacional, em Lisboa, inaugura na terça-feira uma exposição, que inclui objetos apresentados pela primeira vez ao grande público, evocativa do Presidente da República Sidónio Pais, assassinado há cem anos.

Exposição no Panteão recorda Sidónio Pais no centnário da sua morte
Notícias ao Minuto

20:12 - 13/11/18 por Lusa

Cultura Lisboa

"Sidónio Pais: retrato do país no tempo da Grande Guerra" é o título da exposição que reúne "objetos extraordinários, não só relativamente ao Presidente, como à época - e estamos a falar de uma época conturbada, com o final da I Grande Guerra e as aparições em Fátima", disse, à agência Lusa, a diretora do Panteão Nacional, Isabel de Melo.

Referindo-se a Sidónio Pais, Isabel de Melo recordou que "foi o primeiro [presidente] a preocupar-se com a sua imagem pública, o 'marketing', a forma como se deixava fotografar - só de uma certa maneira -, e da sua promoção política".

"Deve-se a Sidónio Pais a criação do Serviço de Audiovisuais do Exército e, na exposição, temos filmes da participação portuguesa na Grande Guerra e das várias visitas presidenciais que fez, assim como do seu funeral", disse.

A exposição reúne vários objetos pessoais, "nomeadamente uma magnífica espada, que ele usava sempre, uns binóculos, assim como objetos ligados à arte de montar, pois fazia gosto em cavalgar e apresentar-se montado num cavalo branco", contou a diretora do Panteão Nacional, referindo "o apoio fundamental da família" na concretização da mostra.

Entre os objetos pessoais, Isabel de Melo destacou um cofre com a imagem de Sidónio Pais, um colar de pérolas que foi oferecido, quando do casamento de uma das suas filhas, "pelas mulheres portuguesas, acompanhado por uma lista com os nomes e os respetivos donativos para a aquisição desse presente".

A mostra, que estará patente até março próximo, inclui ainda vários objetos relativos à atividade universitária de Sidónio Pais, nomeadamente publicações suas.

Sidónio Pais foi lente de Matemática na Universidade de Coimbra.

Paralelamente, "no sentido de contextualizar a época", a mostra inclui vários objetos de arte, nomeadamente esculturas de Teixeira Lopes, Francisco dos Santos e Simões de Almeida, entre outros, e pinturas de Amadeo de Souza-Cardoso, Abel Salazar e Eduardo Viana, uma "custódia magnífica em prata lavrada do Santuário de Fátima, oferta da Quinta da Regaleira [em Sintra], de autoria do italiano Luiggi Manini", além de várias fotografias.

"A exposição aborda não só a figura do Presidente como a época em que viveu", reforçou a responsável.

Inclui também a descrição "de um ambiente quase misterioso e fantástico", pelo jornalista Augusto de Castro, de um encontro com o Presidente Sidónio, que, no fim do mandato, se isolou no Palácio da Pena, que "quase funcionou como uma masmorra".

Augusto de Castro narra a forma como, subindo a rampa da Pena, iluminada por archotes empunhados por soldados, estes transmitiam sinais autorizando a sua passagem pelas sucessivas barreiras de segurança, até encontrar o Presidente no meio dos seus papéis oficiais, isolado e afirmando-se muito só.

Sidónio Pais liderou uma insurreição contra o Governo liderado por Afonso Costa e, a 11 de dezembro de 1917, tomou posse como Presidente do Ministério (atual primeiro-ministro), acumulando as pastas ministeriais da Guerra e a dos Negócios Estrangeiros. A 27 de dezembro, assumiu as funções de Presidente da República, até nova eleição, em aberta rutura com a Constituição da República, que ajudara a redigir.

Em março de 1918, Sidónio Pais, que assumiu um poder presidencial absoluto, estabeleceu o sufrágio direto e universal para a eleição do Presidente da República e, em abril desse ano, submeteu-se ao escrutínio popular, tendo sido eleito, exercendo as funções de chefe de Estado de maio desse ano até ao seu assassinato, aos 46 anos, em dezembro de 1918.

Sidónio Pais encontra-se sepultado no Panteão Nacional desde a abertura do monumento, em 1966. "Curiosamente, desde essa data, é dos poucos túmulos onde nunca faltam flores frescas, além dos de Amália Rodrigues [trasladada em 2001] e de Eusébio [trasladado em 2015]", disse Isabel de Melo à Lusa.

"Continua a haver umas manifestações de alguém que vem colocar um ramo de flores, é constante", reforçou a diretora do Panteão Nacional.

Em 1966, além de Sidónio Pais, foram também trasladados para o Panteão Nacional, os presidentes Teófilo Braga e Óscar Carmona, e os escritores João de Deus, Almeida Garrett e Guerra Junqueiro, que se encontravam no Mosteiro dos Jerónimos.

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