Hoje é o 'Dia B': Bruno de Carvalho ficará preso ou sairá em liberdade?
O ex-presidente do Sporting e o líder da Juventude Leonina, Nuno Mendes são suspeitos de envolvimento no ataque à Academia de Alcochete, em maio passado. Foram detidos no domingo ao final do dia e desde então têm estado detidos à espera de serem presentes a um juiz de instrução criminal que vai determinar quais as medidas de coação a aplicar, caso sejam constituídos arguidos.
© Global Imagens
País Alcochete
Bruno de Carvalho e Nuno Mendes, mais conhecido por Mustafá, vão ser hoje, terça-feira, presentes a um juiz de instrução criminal do Tribunal do Barreiros, pelas 10h00, que os vai interrogar e determinar se serão constituídos arguidos ou não.
Se o forem são várias as possibilidades de medidas de coação que podem ser aplicadas. A mais leve é o termo de identidade e residência. Já a mais grave é a prisão preventiva – medida de coação já aplicada a 38 arguidos neste processo.
O que está em causa
A TVI24 teve acesso ao mandado de detenção de Bruno de Carvalho no qual são descritos todos os crimes de que o ex-presidente do Sporting é suspeito.
O documento revela que as autoridades apontam a Bruno de Carvalho um total de 56 crimes: dois crimes de dano com violência, 20 crimes de sequestro, um crime de terrorismo, 12 crimes de ofensa à integridade física qualificada, um crime de detenção de arma proibida e 20 crimes de ameaça agravada.
Só pelo crime de terrorismo, o ex-dirigente leonino corre o risco de ser condenado a uma pena de prisão entre os 8 e os 15 anos, conforme se lê no Código de Processo Penal português.
Jorge Jesus vai regressar a Portugal… para ser testemunha
O técnico, então com 63 anos, ficou visivelmente abalado com os momentos vividos na Academia no dia 15 de maio© Global Imagens/Nuno Pinto Fernandes
Aquando da invasão à Academia do Sporting, Jorge Jesus era o técnico responsável pela equipa principal de futebol leonina. O treinador sempre recusou falar publicamente sobre o sucedido, limitando-se apenas a dizer que tinha passado por momentos difíceis. Mas agora, Jorge Jesus terá mesmo de recordar o fatídico 15 de maio, pois o Ministério Público já apresentou um requerimento junto do juiz de instrução criminal para que o técnico seja arrolado como testemunha.
Este requerimento, sublinhe-se, foi feito com “caráter de urgência”, pois no dia 21 de novembro passam seis meses da detenção dos primeiros 23 suspeitos. Caso a acusação não seja produzida até à data, os arguidos terão de ser libertados para aguardarem o julgamento em liberdade.
O testemunho de Jorge Jesus revela-se de suma importância dado que poderá esclarecer a questão relacionada com a alteração do treino para a hora em que teve lugar o ataque.
Se Bruno for condenado, o Sporting é que paga (literalmente)
Bas Dost, de lágrimas nos olhos, e com ferimentos visíveis na cabeça resultantes do ataque a Alcochete© Reprodução Twitter Kristof Terreur
Na sequência do ataque a Alcochete foram vários os jogadores que rescindiram o seu contrato com o Sporting de forma unilateral, alegando assédio moral e laboral por parte de Bruno de Carvalho e, nesta senda, justa causa para o fim antecipado do vínculo com o clube.
O primeiro foi Rui Patrício. Depois seguiram-se William Carvalho, Gelson Martins, Daniel Podence, Rúben Ribeiro, Rafael Leão, Bruno Fernandes, Bast Dost e Battaglia – os últimos três voltaram atrás com a decisão e reintegraram a equipa.
Tendo em conta os fundamentos apresentados pelos jogadores para a rescisão do contrato, o Sporting poderá perder em tribunal, pois a justa causa sairá valorizada com uma assunção de culpa de Bruno de Carvalho e isso significará muitos milhões de euros perdidos. Aliás, as indemnizações por causa das rescisões poderão mesmo chegar aos 6,8 milhões de euros.
Quando a Academia de futebol se transformou no 'Fight Club' de Alcochete
Jogadores e equipa técnica foram atacados no interior da Academia do Sporting, em Alcochete© Global Imagens
O dia 15 de maio de 2018 permanecerá para sempre na memória de todos os sportinguistas. As razões não são as melhores, antes pelo contrário. Este fatídico dia já é tido como o mais negro da história do Sporting Clube de Portugal.
Foram cerca de 40 os encapuzados que entraram na academia onde a equipa liderada por Jorge Jesus treinava. Os delinquentes conheciam os cantos à casa, pois dirigiram-se ao local exato onde se encontrava a equipa: o balneário. Mais. Os agressores conseguiram mesmo fintar a segurança e, segundo informações avançadas na época, a equipa de seguranças era reduzida nesse dia específico.
Após o ataque foi filmado um vídeo do interior do balneário que ficou num estado lastimável. Pior ficaram ainda jogadores e equipa técnica que foram verbal e fisicamente agredidos pelos meliantes.
No dia seguinte foram detidas 23 pessoas que ficaram a aguardar em prisão preventiva. Sorte semelhante foi dada a outros 15 suspeitos que foram detidos nas semanas seguintes, entre os quais se conta Bruno Jacinto, oficial de ligação do clube às claques, e Fernando Mendes, ex-líder de claque Juventude Leonina.
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