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Três meses após morte de Naipaul chega às livrarias 'Metade da Vida'

A Quetzal publica "Metade da Vida", três meses após a morte do escritor V.S. Naipaul, um livro escrito quando o autor julgava ter esgotado a sua inspiração para romances, e que nasce de um apontamento tirado muitos anos antes.

Três meses após morte de Naipaul chega às livrarias 'Metade da Vida'
Notícias ao Minuto

19:40 - 12/11/18 por Lusa

Cultura Romance

O livro -- datado de 2001 e agora traduzido para português por José Vieira de Lima -- foi escrito numa altura em que Naipaul julgava ter esgotado a sua veia para aquele género literário, o romance.

Mais tarde contou: "Restava, no entanto, uma nota que tinha tirado quinze ou vinte anos antes. Escrevera-a à máquina, com uma letra pequena e espaços simples, e ocupava um quarto de página".

É deste apontamento que surge "Metade da Vida", que tem por cenário a Índia, a Inglaterra e a África portuguesa.

Em "Metade da Vida", o leitor é apresentado à figura de Willie Somerset Chandran, fruto da união entre um pai brâmane (sempre em conflito com a vida) e uma mãe de casta inferior.

"Willie está desejoso de encontrar um caminho que o conduza à sua própria vida, afastando-o daquela em que nasceu, triste, deslocada e sem esperança", e é então que, "através de um dos antigos conhecimentos do pai, arranja uma bolsa de estudo em Londres e um quarto onde se hospedar", segundo a sinopse do livro.

No entanto, ali chegado, sem saber nada do mundo e da cidade e sem conhecer ninguém, Willie anda à deriva pelas comunidades boémias e de imigrantes, mas nada o faz sentir-se inteiro e real, até ter a sua primeira experiência amorosa.

O protagonista segue, então, essa sua primeira paixão para um país africano de língua portuguesa (talvez Moçambique), onde viverá quase duas décadas, mas, ainda assim, continua a sentir que a vida que vive não é a sua e que aquilo que tomou por um grande amor, não terá sido mais do que uma fuga da solidão e da insegurança.

Vidiadhar Surajprasad Naipaul, conhecido como V.S. Naipaul, foi um escritor britânico-caribenho, de origem indiana, agraciado com o prémio Nobel da Literatura em 2001, que morreu no dia 11 de agosto, aos 85 anos, na sua casa, em Londres.

No discurso de atribuição do Prémio Nobel a Naipaul, o júri considerou que tinha "uma narrativa percetiva unida e um escrutínio incorruptível em trabalhos que obrigam a reparar na presença de histórias reprimidas".

Com uma carreira que abarcou meio século, o escritor viajou, numa descrição feita pelo próprio, como um "colonial descalço", da rural ilha de Trinidad (Trindade e Tobago) para a classe alta inglesa, conquistando os mais cobiçados prémios literários e um título de nobreza (foi ordenado cavaleiro), sendo elogiado como um dos maiores escritores ingleses do século XX.

Entre as suas obras mais aclamadas estão os romances, traduzidos em português, "A Curva do Rio" ou "Uma Casa para Mr. Biswas", sendo ainda autor de "Num Estado Livre" (que lhe valeu a atribuição do Prémio Man Booker), "A Máscara de África" ou "Para Além da Crença", entre dezenas de outros.

A sua obra explorava o colonialismo e a descolonização, o exílio e as lutas do homem comum num mundo em desenvolvimento -- temas que ecoam as suas origens e a sua trajetória.

Apesar de a sua escrita ser amplamente elogiada pela compaixão em relação aos mais pobres e aos deslocados, Naipaul ofendeu muitas pessoas com o seu comportamento e piadas sobre antigos súbditos do império britânico.

Descendente de indianos empobrecidos, embarcados para as Índias Ocidentais como trabalhadores em regime de semi-escravatura, V.S. Naipaul -- ou Vidia, para os que o conheciam de perto -- nasceu a 17 de agosto de 1932, na ilha de Trinidad, nas Caraíbas, mas vivia em Inglaterra desde 1950.

O autor visitou Portugal por três vezes, a última das quais em 2016, como participante no festival Fólio, em Óbidos.

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