Ancara classifica como "inaceitáveis" as declarações do MNE francês
A Turquia considerou hoje "inaceitáveis" as declarações do chefe da diplomacia francesa, que acusou o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, de promover um "jogo político" relacionado com a morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi.
© Reuters
Mundo Khashoggi
"Consideramos inaceitáveis que ele acuse o Presidente Erdogan de 'promover um jogo político'", declarou à agência noticiosa AFP o diretor de comunicação da presidência turca, Fahrettin Altun, numa referência às declarações emitidas previamente por Jean-Yves Le Drian.
O chefe da diplomacia francesa declarou hoje à cadeia televisiva francesa France 2 "não ter conhecimento" das informações turcas sobre o assassinato em Istambul, em 02 de outubro, de Jamal Khashoggi, contradizendo as afirmações de Erdogan.
O líder turco afirmou no sábado que o seu país partilhou com Washington, Berlim, Paris e Londres os registos áudio relacionados com a morte do jornalista.
"Se o Presidente turco tem informação para nos dar, é necessário que as forneça" declarou hoje Le Drian.
Interrogado sobre a eventualidade de uma mentira de Erdogan sobre esta questão, o ministro francês apenas observou que o chefe de Estado turco mantém "um jogo político particular nesta circunstância".
"As últimas observações do ministro francês dos Negócios Estrangeiros Jean-Yves Le Drian sobre a forma como a Turquia está a gerir a morte de Jamal Khashoggi não refletem a realidade", declarou Altun.
"Confirmo que as provas relacionadas com a morte de Khashoggi foram igualmente partilhadas com as respetivas instituições do Governo francês. Em 24 de outubro, um representante dos serviços de informações franceses escutou o registo áudio" e teve acesso a "informações detalhadas", afirmou Altun.
"Caso exista um problema de comunicação entre as diversas instituições no interior do Governo francês, cabe às autoridades francesas e não à Turquia e a resolução do problema", acrescentou.
O Ministério Público turco declarou recentemente que Khashoggi, 59 anos, foi estrangulado e posteriormente desmembrado no consulado saudita em Istambul, no dia 02 de outubro, onde tinha entrado para obter um documento para se casar com uma cidadã turca.
Segundo as autoridades turcas, o jornalista era esperado no consulado por um comando de 15 agentes sauditas que viajaram para a cidade turca algumas horas antes e regressaram à Arábia Saudita naquela mesma noite.
O Presidente turco assegurou recentemente numa coluna publicada no diário norte-americano The Washington Post que está certo de que a ordem para matar o jornalista dissidente surgiu "do mais alto nível" do poder da Arábia Saudita.
O jornalista saudita, que colaborava com The Washington Post, estava exilado nos Estados Unidos desde 2017 e era um reconhecido crítico do poder em Riade, em particular do príncipe herdeiro Mohammed ben Salmane.
Um mês após a sua morte, o seu corpo ainda não foi encontrado. Segundo os media turcos, as autoridades locais consideram que foi desmembrado após o assassínio, e com os seus restos dissolvidos em ácido.
A Arábia Saudita admitiu que Jamal Khashoggi foi morto nas instalações do consulado saudita em Istambul no decurso de uma operação "não autorizada" por Riade e após ter garantido, durante vários dias, que saíra vivo do consulado.
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