Justiça suspende oleoduto Keystone XL. É um revés para Trump
Um juiz federal do Montana suspendeu hoje a construção do oleoduto gigante Keystone XL, um revés para o Presidente norte-americano, que relançou o polémico projeto quando assumiu o cargo, apesar dos riscos para o ambiente e as culturas autóctones.
© Reuters
Mundo Estados Unidos
"É uma vergonha", disse Donald Trump, a caminho das comemorações do centenário do fim da Primeira Guerra Mundial.
O Presidente acusou o juiz de ter tomado "uma decisão política" e de pôr em perigo 48.000 postos de trabalho, um número largamente contestado pelos opositores ao projeto.
Ao longo de 1.900 quilómetros, este oleoduto, já parcialmente em funcionamento, destina-se a ligar os campos petrolíferos da província canadiana de Alberta ao Estado norte-americano do Nebraska, para chegar às refinarias do golfo do México.
É um projeto firmemente combatido pelas comunidades autóctones dos territórios que atravessa, preocupadas com os danos ambientais que poderá causar.
Foi com base numa análise do Departamento de Estado norte-americano, que não considerava o projeto "de interesse nacional para os Estados Unidos", tendo em vista os riscos associados, que o então Presidente Barack Obama decidiu bloquear a construção do Keystone XL, em 2015.
Segundo o juiz Brian Morris, a Administração Trump ignorou deliberadamente essa análise quando autorizou o relançamento do projeto de oleoduto, em março de 2017, pouco tempo após a chegada do magnata republicano do imobiliário ao poder.
"Uma agência não pode desviar os olhos de observações factuais feitas no passado porque elas não vão no sentido desejado", defendeu o juiz federal na decisão.
"Para justificar a reviravolta, o Departamento de Estado simplesmente apagou dados factuais relacionados com alterações climáticas", prosseguiu o magistrado do Montana.
Por último, Morris acusou o Departamento de Estado de não ter tido suficientemente em conta elementos como a baixa do preço do petróleo, o risco de fuga ou os gases com efeito de estufa emitidos no âmbito do projeto.
Iniciadora do projeto, a operadora canadiana de oleodutos TransCanada reiterou o seu compromisso de o levar a termo, apesar deste novo obstáculo.
"Recebemos a decisão do juiz e continuamos a analisá-la. Reiteramos o nosso compromisso de construir este importante projeto de infraestrutura energética", disse Terry Cunha, porta-voz da TransCanada, citado pela agência de notícias francesa AFP.
Na bolsa de Nova Iorque, as ações da TransCanada caíram hoje quase 2% após esta decisão judicial, para 38,98 dólares.
Orçado em oito mil milhões de dólares (sete mil milhões de euros), o projeto Keystone XL data de 2008 e iria permitir encaminhar diariamente 830.000 barris de petróleo através de Alberta, Montana, Dakota do Sul, Nebraska e, por fim, Oklahoma e Texas.
A suspensão decretada pelo juiz federal é, todavia, temporária e impõe ao Governo norte-americano que analise em maior profundidade as implicações do projeto no clima, na fauna e nas culturas autóctones.
Mas a decisão judicial representa uma importante vitória para os defensores do ambiente e as comunidades ameríndias, e um grande revés para o Presidente norte-americano, que autorizou a construção do oleoduto para cumprir uma das suas principais promessas de campanha.
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