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Polícia prende líderes sindicais e proíbe manifestação no Zimbabué

A polícia do Zimbabué prendeu dezenas de membros de um sindicato do comércio nas vésperas de uma manifestação programada contra o programa de estabilização financeiro, denunciou hoje o grupo local Advogados para os Direitos Humanos.

Polícia prende líderes sindicais e proíbe manifestação no Zimbabué
Notícias ao Minuto

15:32 - 11/10/18 por Lusa

Mundo África

De acordo com a agência de notícias AP, que cita os advogados, a polícia prendeu dezenas de membros do Congresso dos Sindicatos do Comércio do Zimbabué em Harare e nas cidades de Mutare e Masvingo.

Existe uma forte presença policial em Harare depois de o Governo ter proibido o protesto, alegando o surto de cólera em curso, mas já foi interposta uma ação judicial para permitir a manifestação, devendo um tribunal pronunciar-se ainda hoje, relata a AP.

O grupo de advogadas diz que as detenções são um ataque preventivo contra a manifestação, que pretende protestar contra as "políticas económicas desastrosas".

Estes acontecimentos surgem na semana a seguir ao ministro das Finanças ter apresentado um programa de estabilização da economia do Zimbabué.

Na quarta-feira, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) deram 'luz verde' ao plano do Governo para o pagamento de 2,2 mil milhões de dólares em pagamentos atrasados aos credores internacionais, anunciou o ministro das Finanças.

A dívida pública total do Zimbabué está nos 17 mil milhões de dólares, mas as sanções impostas pelos Estados Unidos podem impedir que o país consiga aceder aos mercados internacionais para lançar a recuperação económica.

Nas previsões para o crescimento económico da África Subsaariana, divulgadas hoje em Nusa Dua, na Indonésia, o FMI prevê que o Zimbabué cresça 3,6% e 4,2% neste e no próximo ano.

Numa reportagem divulgada na quinta-feira, a AP escreveu sobre filas de horas para comprar gasolina e o aumento rápido dos preços, além de manifestações contra o programa de austeridade delineado pelo ministro das Finanças, um antigo professor da London School of Economics.

Depois de, há mais de um ano, o Zimbabué ter destronado o histórico líder Robert Mugabe numas eleições sem violência, muitos esperavam que o país recuperasse da turbulência e seguisse o caminho da prosperidade económica, mas mais de um ano depois, o Zimbabué parece estar a implodir, no seguimento do anúncio de um "programa de estabilização".

As lojas foram invadidas pelos habitantes ansiosos, o que fez disparar os preços devido à descida dos stocks, e itens básicos como água engarrafada estão agora a ser racionados, apesar de a capital enfrentar também uma epidemia de cólera que matou mais de 40 pessoas e alastrou-se à zona rural do país.

Entre as medidas anunciadas pelo ministro das Finanças está a imposição de um imposto sobre as transações eletrónicas, muito usadas pela população que não tem uma conta aberta no banco, mas os analistas temem um regresso aos tempos da inflação nos 500.000%, o que tornou comuns as imagens de sacos de plástico cheio de notas simplesmente para comprar a comida básica do dia a dia.

"O mercado paralelo é insustentavelmente caro e dizimou a confiança; os preços têm subido e as margens de lucro desapareceram", disse à AP o presidente da Associação de Retalhistas do Zimbabué, Denford Mutashu.

Na sexta-feira passada, o ministro das Finanças anunciou medidas para cortar na despesa pública e pagar os empréstimos no estrangeiro para desbloquear o acesso ao crédito e também defendeu a expansão da base da receita fiscal.

"A nossa economia é maior do que pensamos", disse o ministro aos jornalistas, alertando que "haverá dor" para chegar ao crescimento desejado, "mas no fim todos vão estar contentes".

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