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Amnistia denuncia abusos de empresa em construção de estádios no Qatar

Empresa que participa nas construções nos estádios para o mundial de futebol de 2022 é acusada pela Amnistia Internacional de explorar os trabalhadores migrantes, recrutando-os nos países de origem, para depois não lhes pagar os salários, deixando-os “abandonados e na penúria”.

Amnistia denuncia abusos de empresa em construção de estádios no Qatar
Notícias ao Minuto

13:16 - 26/09/18 por Pedro Bastos Reis

Mundo Direitos Humanos

As denúncias de condições desumanas que os trabalhadores migrantes enfrentam na construção dos estádios para o mundial de futebol a realizar no Qatar, em 2022, não são novidade, mas as situações relatadas continuam a chocar.

Segundo um relatório divulgado pela Amnistia Internacional, uma empresa envolvida na construção dos estádios deve milhares de euros aos trabalhadores que recrutou noutros países, nomeadamente na Índia, Nepal e Filipinas, deixando-as “abandonados e na penúria” no Qatar, um país conhecido pelas suas leis polémicas em relação ao trabalho.

A empresa visada é a Mercury MENA, que a Amnistia Internacional acusa de explorar a política de monitorização de migrantes no Qatar para não pagar salários aos trabalhadores, uma prática que a Amnistia Internacional e outras organizações de defesa dos direitos humanos denunciam desde 2013.

“Em 2017, o governo do Qatar foi aplaudido após anunciar um programa de reformas trabalhistas. Mas enquanto o acordo era assinado, uma série de trabalhadores da Mercury MENA estavam sem salários e a viver em habitações sem condições, questionando-se quando viria a próxima refeição e se algum dia seriam capazes de voltar a casa, para junto das suas famílias”, denunciou Steve Cockburn, diretor de Assuntos Globais da Amnistia Internacional.

Nesta investigação, a Amnistia Internacional entrevistou 78 antigos funcionários da Mercury Mena. Dessas entrevistas, a organização de defesa dos direitos humanos concluiu que a empresa não facultou autorizações de residências – exigidas pela lei catari aos trabalhadores – o que levou a muitos restrições nas capacidades dos migrantes mudarem de emprego e até mesmo de saírem do país.

Um dos exemplos apresentados no relatório da Amnistia é o de Ernesto, um trabalhador filipino que, como muitos outros, saiu do seu país a acreditar que ia ganhar muito dinheiro a trabalhar na construção dos estádios no Qatar. No entanto, quando chegou a território catari, a realidade foi muito diferente.

Ernesto, que chegou a Doha em 2015, viu-se de imediato sem visto e sem salário, temendo nunca conseguir. Acabaria por deixar o Qatar dois anos depois e, hoje, não deixa de fazer um desabafo: “Imagino como será o mundial, com pessoas de todo a mundo a aplaudir e a rir, em bonitos estádios e hotéis. Será que vão pensar nas histórias por trás da construção daquelas infra-estruturas?”, desabafa Ernesto.

A Amnistia Internacional entrou em contacto com a Mercury MENA que apenas justificou as suas ações devido a “problemas financeiros”.

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