Em Portugal, 5% da população apresenta nódulos na tiroide. Destes, cerca de 10% são malignos. Se os números servem para alertar a comunidade médica que evolui para ir ao encontro da solução mais eficaz e rápida (ponto fulcral na oncologia), o caso da tiroide é exemplo disto mesmo.

“O diagnóstico é fácil e inicia-se com a palpação da tiroide que se localiza na face anterior do pescoço, seguindo-se a realização de uma ecografia, exame acessível, de baixo custo e sem riscos de radiação para a pessoa”, que é o exame mais sensível na caracterização dos nódulos da tiroide. É a médica Maria João Oliveira quem explica ao Notícias ao Minuto esta forma de diagnóstico.

Enquanto membro da Associação das Doenças da tiroide, a especialista sabe que “apesar da eficácia e rapidez do diagnóstico, nem todas as pessoas estão atentas e conscientes da importância da tiroide, por vezes descurando o aumento do volume do pescoço ou a tumofação (inchaço) cervical, o que atrasa o diagnóstico”, refere.

Para contrariar esta falta de conhecimento, importa que o (possível) doente esteja atento a certos sintomas, nomeadamente “o aparecimento de uma tumefação na parte anterior ou lateral do pescoço de crescimento rápido, dura e pouco móvel”. Este pode ser o primeiro sinal de cancro da tiroide, alerta Maria João Oliveira, que detalha: “mas ainda se pode fazer acompanhar de rouquidão ou dificuldade em engolir”.

Na maioria das vezes, os cancros são de pequeno volume e não visíveis, logo, nem sempre é possível sentir o tumor através da palpação

O problema que se coloca é que, na maioria das vezes, os cancros são de pequeno volume e não visíveis, logo, nem sempre é possível sentir o tumor através da palpação, mas apenas em ecografias que, quando apresentam características que façam suspeitar de alguma malignidade, “devem ser submetidos a uma punção aspirativa com agulha fina”, ou seja, “são retiradas células que depois de coradas e observadas ao microscópio permitem classificar o nódulo como benigno ou maligno”, elucida a especialista.

Ao confirmar-se o cancro, o doente deverá ser estudado para que lhe seja indicada a abordagem mais especializada ao seu caso. Nestes casos, “o prognóstico é excelente e tem uma taxa de cura muito elevada”, garante Maria João Oliveira, sem deixar de referir que “mesmo com um bom prognóstico, é um cancro com possibilidade de recorrência tardia, daí a necessidade de um seguimento específico”.

Por parte da população, o que pode ser feito?

Ao Notícias ao Minuto, foi explicado que o primeiro ponto passa por “reconhecer a importância da tiroide como órgão vital e estar atento a sinais da doença como aparecimento de nódulos ou ‘inchaços’ no pescoço”, que possam levar a um diagnóstico e tratamento mais precoce do cancro.

Certo é que “ainda há um grande desconhecimento sobre esta situação e é necessário continuar a desenvolver ações para aumentar o conhecimento da população e diagnosticar o cancro da tiroide”, diz-nos Maria João Oliveira, que não deixa de referir que o sucesso que predomina em Portugal se deve ao timing certo, “que deve ser efetuado por uma equipa mustidisciplinar”, alto que acontece, como provam os números: “a mortalidade do carcinoma diferenciado da tiroide é muito baixa, estima-se apenas 0,5 por 100.000 pessoas a cada ano”. Além disso, mais de 80% dos cancros deste tipo são curáveis após o primeiro tratamento, especialmente se de pequenas dimensões e sem gânglios metastizados no pescoço.

                          Maria João Oliveira, APTI                              © Float Pr