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Noite Branca de Braga dá "um pouco de liberdade" a reclusos pela arte

A Noite Branca de Braga vai dar "um pouco de liberdade" a um grupo de reclusos do Estabelecimento Prisional bracarense ao lhes possibilitar que construam uma instalação artística que vai percorrer cerca de 1,5 quilómetros do centro histórico.

Noite Branca de Braga dá "um pouco de liberdade" a reclusos pela arte
Notícias ao Minuto

20:00 - 20/08/18 por Lusa

Cultura Eventos

A organização do evento, a decorrer de 31 de agosto a 02 de setembro, a cargo da Câmara Municipal de Braga, convidou a artista plástica Madalena Martins para criar uma instalação artística de grande escala, tendo assim surgido o Brarroco: "Uma linha branca gigante que se vai multiplicar em cores quando a noite chegar e revelar emoções constantes transmitidas pela luz que irradia", explanou, durante uma visita de jornalistas à cadeia de Braga para ver o decorrer dos trabalhos.

Aquela linha de luz está a ser criada pelas mãos de Pedro (38 anos), Marco (37), Diogo (25), Luís (30), tendo ainda tido a participação de "dois outros companheiros" que entretanto abandonaram o projeto - um saiu em liberdade, o segundo foi transferido para outro estabelecimento.

Aos homens cabe criar o Brarroco através do "corte, do modelar, do limpar e encaixar" mais de seis mil garrafas de plástico por dentro das quais serão colocadas luzes, ladeadas com tecidos cortados por um outro grupo do estabelecimento prisional de Paços de Ferreira e cujo resultado final vai ser instalado em 8 ruas do centro da cidade bracarense.

"Horas de dias bem passados, com alegria e com o compromisso de responsabilidade. É bom saber que o nosso trabalho vai ser reconhecido", leu numa carta escrita à mão pelo grupo, com alguma emoção na voz, o "porta-voz" dos quatro homens.

Rígidos na postura e de rostos sérios enquanto a artista explicava o projeto, os reclusos deram resposta rápida e espontânea quando lhe foi perguntado se aquela linha que ali estavam a criar o fez pensar sobre as linhas do destino que os levaram ali: "Sem dúvida. Deu-nos algumas horas de descontração, de convívio, para nos sentirmos úteis", respondeu o mais velho e o mais reservado do grupo nos primeiros momentos do encontro.

Cada um deles ganhou 100 euros pelo trabalho. "Claro que também nos dá jeito, mas o sentirmo-nos úteis, o sabermos que as nossas famílias vão ver algo que nós fizemos e o podermos participar na Noite Branca, onde até já fui um ano, é a melhor paga", disse Luís.

Já com o sorriso aberto, as mãos descontraídas e virados para os visitantes, todos foram unânimes numa leitura: naquelas garrafas está "um pouco da liberdade" que perderam.

"De certa forma com isto vamos estar lá fora, livres", referiu Diogo, tendo o restante grupo concordado com "sins", "sem dúvida" e vários "é isso".

"A fazermos isto somos pessoas, cidadãos como os outros. Trabalhar aqui é muito importante para nós, o acompanhamento psicológico é muito importante, sem dúvida, mas isto é essencial para nós", disse Marco.

Para o presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, também presente na visita, a ligação entre e a autarquia e o estabelecimento prisional de Braga é uma mais-valia.

"É uma forma de o município trabalhar na reinserção destas pessoas que a determinado momento da vida seguiram por um caminho errado e mostrar que há espaço e lugar para eles na sociedade", disse.

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