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Associações agrícolas da Terceira insatisfeitas com Governo Regional

Os presidentes das associações agrícolas da ilha Terceira, nos Açores, consideram que os apoios do Governo Regional face à seca são insuficientes, alegando que só no milho forrageiro são esperadas quebras de produção superiores a 50%.

Associações agrícolas da Terceira insatisfeitas com Governo Regional
Notícias ao Minuto

11:10 - 22/07/18 por Lusa

Economia Seca

"Esses apoios são meros paliativos para se tentar manter minimamente o bem-estar animal, mas isso vai ser feito sobretudo com grande esforço por parte dos produtores, que estão a gastar aquilo que têm e o que não têm para manter minimamente os seus efetivos", adiantou, em declarações à Lusa, José António Azevedo, presidente da Associação Agrícola da Ilha Terceira (AAIT).

"Acho que o apoio é insuficiente tanto a nível do valor da ajuda, como da quantidade de alimentação", acrescentou Anselmo Pires, presidente da Associação de Jovens Agricultores Terceirenses (AJAT).

O Governo Regional dos Açores anunciou a atribuição de um apoio extraordinário aos agricultores na aquisição de concentrado fibroso, palha e feno na forma prensada, que atinge os 6 cêntimos por quilo nas ilhas Terceira e São Miguel e 7,5 cêntimos por quilo nas restantes ilhas, com um limite máximo diário de 5 quilos de produtos de categoria fibrosa por animal.

Já foi publicada uma portaria para as primeiras 10.000 toneladas, mas no total está previsto um apoio a 20.000 toneladas de alimento.

O executivo açoriano deverá ainda abrir em agosto candidaturas a um apoio direto, num montante ainda não definido, aos agricultores com prejuízos em produções hortícolas e de milho forrageiro superiores a 25%.

As medidas surgem na sequência da quebra de precipitação no arquipélago, que, de acordo com dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), atingiu os 50% nos meses de abril, maio e junho, em comparação com os valores médios.

Para José António Azevedo, o apoio do Governo Regional "nem sequer vem colmatar o custo dos transportes" dos alimentos importados.

"Os produtores que estão em algumas dificuldades financeiras ficam numa situação mais agravada e cada vez mais se vê produtores desmotivados e com menos alento para levar esta vida", alertou.

A falta de chuva na primavera, sobretudo nos terrenos localizados nas zonas mais baixas, provocou uma quebra na produção de erva e está a afetar a produção de milho forrageiro.

"Neste momento, já se percebe que mais de 50% das produções de milho da ilha Terceira estão completamente aniquiladas e cada dia que passa, cada semana que vai passando e que não se vê chuva com a intensidade devida, é preocupante ver produções de milho que ainda tinham capacidade de ser revitalizadas a perder-se", apontou José António Azevedo.

Os prejuízos ainda não estão contabilizados, até porque não se sabe como será o resto do verão, mas em alguns casos além da perda do milho forrageiro, há que replantar a pastagem.

"A seca foi por um período tão longo que levou à morte das plantas. Tem de haver a renovação da pastagem: mais um custo, mais um período de espera, para que tenhamos pastagem para conseguir fazer uma alimentação minimamente razoável em termos de custo para os produtores", frisou o presidente da AAIT.

Anselmo Pires estima que os prejuízos se arrastem por mais "seis ou sete meses", alegando que só um inverno "muito favorável" poderá minimizar os impactos desta crise.

Já há produtores a reduzir o efetivo para controlar prejuízos e as entregas de leite na fábrica também já registaram cortes.

"Nos primeiros cinco meses houve um aumento de produção, mas já se nota no mês de junho que houve uma quebra bastante acentuada, comparativamente a junho do ano passado, e acredito que a quebra ainda não começou, porque esta colheita [de milho] só ia ser consumida a partir de novembro", frisou o presidente da AJAT.

"A minha perspetiva é que será se calhar a pior produção de leite dos últimos quatro anos", acrescentou o presidente da AAIT.

Segundo José António Azevedo, os produtores enfrentam "extremas dificuldades", devido à perda de rendimentos e aos custos da aquisição de alimentos, mas o preço do leite manteve-se igual.

"Temos um preço que continua baixo, porque assim a indústria o entende e não teve uma resposta, que devia ter sido imediata, de ajudar os produtores com uma subida do preço do leite", sublinhou, acusando a única fábrica de leite da ilha Terceira de falta de solidariedade.

A seca tem aumentado também a quantidade de água consumida por animal, que já ultrapassa os 100 litros por dia, no entanto, por enquanto, não se verificaram cortes nos postos de abastecimento de água à lavoura.

"Se não fossem os furos abertos nos últimos dois ou três anos, neste momento estávamos numa situação complicada. Os aquíferos têm vindo a baixar", realçou o presidente da AAIT, acrescentando que muitos produtores têm investido também em reservatórios artificiais nas suas explorações.

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