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"Habituei-me à postura na moda. Na representação, o talento vale mais"

Deixou Nova Iorque para integrar o elenco da nova novela da SIC. Sharam Diniz vai viver em Portugal até 2019 e falou abertamente sobre todo o seu percurso num evento intimista, que reuniu vários jornalistas e, no qual o Fama ao Minuto esteve presente.

"Habituei-me à postura na moda. Na representação, o talento vale mais"

Sharam Diniz nasceu em Luanda, Angola, e iniciou carreira no mundo da moda aos 17 anos. Começou o seu percurso no país natal, mas conseguiu conquistar o sucesso além-fronteiras. Atualmente é agenciada em Nova Iorque, Paris, Londres, Milão, Brasil e Portugal.

Viveu em Nova Iorque durante os últimos seis anos e mudou-se recentemente para Portugal para integrar o elenco da nova novela da SIC, ‘Alma e Coração’, que vai estrear em setembro, na qual vai interpretar Naomi Andrade. Um desafio que chega depois da participação na novela ‘Única Mulher’, da TVI, e que vem concretizar um sonho antigo.

Em conversa com a imprensa, num evento intimista, que se realizou num hotel em Lisboa e no qual o Fama ao Minuto esteve presente, Sharam Diniz revelou o que a levou a aceitar o convite da estação de Carnaxide, explicando que o facto de fazer parte da novela “a tempo inteiro” é uma mais valia para o seu “desenvolvimento”, uma vez que é uma área nova para si. Além disso, também se “identificou, de alguma forma, com a história da personagem”.

“A Naomi, apesar de ser descendente de cabo-verdianos, acaba por ser africana de qualquer forma. Passei a minha infância, adolescência toda em Angola, Luanda. De certa forma, revejo-me em pequeninas coisas do dia-a-dia. Aquela proximidade que existe com os vizinhos do bairro, o 'bom dia', 'boa tarde', que hoje em dia quase que nem existe. Entre outras coisas, também o facto de ela viver num bairro social e fazer coisas para a comunidade dela, para que os jovens e as crianças cresçam com a esperança de um futuro melhor porque, para já, existe racismo. Existe o preconceito de ser do bairro: ‘ai deixa-me esconder a minha carteira’… As pessoas que vivem no bairro ou são marginais ou estão associados a criminalidade, violência… Acho que o personagem em si vai educar também algumas pessoas”, considera.

Neste momento, a rotina de Sharam é diferente, pois não só está a trabalhar num novo desafio como também está a viver noutro país. O primeiro ponto que destacou nesta mudança foi logo o facto de “falar mais português”. “A diferença é que agora, para já, estou mais dedicada à leitura o que antes não acontecia”, revela. 

Além disso, neste novo desafio a ajuda dos colegas é um grande apoio e conta com a opinião deles. “Eles dizem para eu ficar tranquila porque também tenho que me divertir enquanto o faço. Que se estiver sempre a pensar se estou a errar ou a fazer bem, vou acabar por não aproveitar a experiência. Nesse caso, são impecáveis. [Mas ainda dá aquela borboletazinha]. Vai dar sempre, é como os desfiles. Cada vez que se entra numa passerelle parece que é a primeira vez”, confessa.

O sonho de ser atriz

Antes de conseguir o papel, começou a preparar-se para o mundo da representação em 2015, com um curso na New York Film Academy. Na altura, o que mais era corrigido pelos formadores era a sua postura. “Estava sempre em pose, direitinha, e na representação isso não existe, tem que se estar mais à vontade. Essa foi realmente das coisas mais difíceis para mim porque estou em moda já há dez anos e sempre estive habituada a manter aquela postura e fazer de tudo para conseguir ter uma boa foto, ou a melhor foto. Na representação não, o talento vale muito mais”, refere.

Mas o sonho de ser atriz esteve lá desde cedo, tendo surgido na altura em que via a telenovela ‘Xica da Silva’ com a atriz Taís Araújo. “Era uma novela com muitas cenas de sexo e violência e os meus pais nem sequer me deixavam ver. Então, via às escondidas e acho que foi aí que disse pela primeira vez: ‘Se ela está ali, é negra, eu também posso. É possível’. Desde então, a minha mãe era assistente de bordo e quando ela viajava eu ia para o quarto dela experimentar as roupas, sapatos, colocava o batom e ficava em frente ao espelho a dramatizar. Muitas vezes até ponha água nos olhos a fingir que chorava...”, recorda, revelando algumas inspirações: Taís Araújo, Hale Berry e Angela Basset.

Neste momento não está nos seus planos deixar o mundo da moda para se focar totalmente na representação, até porque, diz, “uma coisa acaba por puxar a outra”. 

O mundo da moda e a estreia na Victoria’s Secret

Foi abordada muitas vezes em vários lugares, mas só aos 17 anos é que entrou no mundo da moda. Não o fez mais cedo por imposição dos pais.

Depois de ter sido convidada para assistir a um desfile em Luanda, no fim do evento a dona da agência entregou-lhe o seu cartão e mostrou-se agradada com o perfil de Shararm. “Comentei com a minha mãe, o meu pai não podia sequer ouvir falar, e ela disse que ia comigo. Fomos e ela viu que aparentemente não tinha nada de mal, porque também existem agências que por trás são outras coisas. Ia haver um concurso e eu disse que me ia inscrever. O combinado foi que tinha que conciliar tanto a escola como a moda e, graças a Deus, funcionou porque o mercado em Angola também é muito pequenino”, conta. E foi aí que tudo começou, em 2008.

Entretanto, deu-se o salto internacional e desfilou, até aos dias de hoje, para casas muito conhecidas, como Carolina Herrera, Calvin Klein, Yeezy (marca de roupa de Kanye West) e Victoria’s Secret.

Para a famosa marca de lingerie, Sharam desfilou pela primeira vez em 2012. Esse foi um ano em cheio, uma vez que tinha acabado de se mudar para Nova Iorque. “Depois da fashion week fui enviada a casting para conhecer a marca. Depois do casting eles é que decidem em que área é que te vão colocar. Comecei a fotografar a linha pink, mais tarde fiz o catálogo de fatos de banho e no final do ano, em outubro, fui chamada… Foi o meu primeiro ano em Nova Iorque, a primeira vez que tinha ido fazer o casting para o desfile e passei... O que não acontece sempre com todas as manequins. Foi dos melhores anos da minha carreira porque era um sonho. Acho que todas as modelos têm esse objetivo porque é o ponto mais alto da carreira de qualquer manequim, fazer o desfile lingerie da Victoria’s Secret”, salienta.

Em 2015 voltou a pisar a passerelle pela marca e participou no grande desfile anual, Victoria’s Secret Fashion Show, tendo estado ao lado de rostos muito conhecidos, como Adriana Lima e Alessandra Ambrósio.

Notícias ao MinutoSharam Diniz no Victoria’s Secret Fashion Show - 2015© Getty Images

Durante estes últimos anos esteve em diversas festas que contaram com a presença de várias caras conhecidas, tento estado com várias figuras públicas, entre elas Kim Kardashian, Kanye West e Rihanna. De todas, quem mais gostou de conhecer foi a cantora Rihanna, até porque já era sua fã.

“Gosto da música dela. Acho que ela é uma mulher super auto-confiante. Sempre tive uma queda por música, gostaria de ter uma voz para cantar, mas não tenho. Deus não dá tudo. Acho que também é por isso, de alguma forma, gostava de ter a mesma voz e poder cantar. Mas foi super simpática, terra a terra, e tem uma boa aura. Há pessoas que a gente consegue ver que é esforçado e nela não. É super natural. Aliás, o primeiro ano em que fiz o desfile da Victoria’s Secret foi ela que cantou, com o Justin Bieber e o Bruno Mars. Quando a Rihanna entrou em palco, todo o mundo, tanto no backstage como lá à frente, estava de boca aberta. Quando ela foi lá para trás para tirar as fotos connosco... nunca tinha visto nada assim. Mesmo os anjos oficiais, a Adriana Lima, Candice Swanepoel, Alessandra Ambrósio, na altura, conseguias notar que todas elas ficavam deslumbradas com a presença da Rihanna”, partilha.

Sharam já fez diversas campanhas internacionais, entre elas Tom Ford Tobacco Oud, Victoria’s Secret Swimwear, Ralph Lauren, Kiko Milano, Avon, Armani Exchange, e há uma que ficará para sempre na sua memória: A campanha de relógios da Chanel.

“Foi engraçado. O fotógrafo foi o Patrick Demarchelier e eu tinha fotografado com ele uma semana antes. Ele fotografa super rápido, eu estava super nervosa porque é um fotógrafo conhecido no mundo inteiro, super conceituado e ele não falava. Tirou fotografias e disse logo que podia trocar de look. Pensei: ‘Não, não é possível, ele não me deu direções nenhumas e ainda agora começou...’. Ele não mostrava os registos que ia fazendo e pensei que ia ficar um horror. No final da sessão, ele foi simpático, despedimo-nos e eu comentei com os meus agentes que nunca mais iria voltar a trabalhar com ele. Passado uma semana, ligam-me a dizer que estava confirmada para uma campanha da Chanel, que quem me ia fotografar era o Patrick Demarchelier e que ele é que me tinha sugerido. Foi dos momentos mais cruciais da minha carreira. Para já por ser a marca que é e tudo por causa do fotógrafo, de certa forma, que se calhar gostou do meu trabalho apesar de não ter havido muita comunicação”, lembra.

Já trabalhou com muitos criadores na indústria da moda, mas há dois nomes que ainda estão na ‘lista’: Versatti e Roberto Cavalli. “Acho que eles são muito femininos e as roupas para além de serem sexy, transmitem confiança. A mulher quando veste sente-se realmente poderosa e auto-confiante”, afirma, referindo que gostava de trabalhar com eles.

Alimentação e boa forma

Estar em Portugal não é fácil em termos de gastronomia, uma vez que nem sempre se consegue resistir ao que há de melhor. No entanto, afirma: “Estou-me a portar bem”. Sharam tenta ser uma pessoa “disciplinada” no que toca à alimentação, mas não deixa de ter as suas “fraquezas”.

Os seus maiores pecados passam por “tudo o que envolva chocolates e amendoim”. “Sou uma pessoa muito ansiosa e os doces acabam por ser uma escapatória, [um calmante]”, admite.

A boa forma física que apresenta não se deve apenas à genética, mas sim a todo o trabalho que faz para manter o seu corpo. “Tenho [que trabalhar quando cometo um disparate]. Até mesmo para ficar de consciência não tão pesada”.

Sharam partilhou ainda alguns cuidados que tem com o corpo, falando também da alimentação. "Normalmente faço uma limpeza de pele uma vez por mês e vou tendo os cuidados básicos. Comida, não me privo de nada, só aquilo que não gostar, mas também não sou esquisita. [Aliás], até as coisas que não gostava aprendi a gostar", comenta. 

Look

Adora mudar de visual e sempre foi “muito vaidosa” nesse sentido. A mais recente mudança radical foi este ano, quando rapou o cabelo e pintou-o de cor-de-rosa. Uma decisão que foi tomada ao fim de cinco meses. “Precisava de estar mentalmente preparada. Era algo mais interior do que exterior. Sinto-me uma mulher muito mais confiante, mais forte do que era há cinco anos atrás”, afirma, contando que a reação das pessoas foi muito positiva. “A minha caixa de mensagens não parou durante uma semana”.

Notícias ao MinutoSharam Diniz© Getty Images

Sharam Diniz - A carreira, os negócios e o que mudou

Desde de 2008 até agora muito mudou e hoje Sharam Diniz descreve-se como uma pessoa “com menos medo do julgamento, das críticas, que não tem medo de ser ela própria e que não vai seguir o padrão que a sociedade acha que é o certo ou o mais bonito”. “Nunca tive papas na língua, sempre disse o que achava e pensava, mas hoje em dia, com mais maturidade, não tenho medo de assumir seja o que for”, acrescenta.

Ao longo da carreira, como acontece com outros artistas, também recebeu comentários menos simpáticos e foi “algo que teve que aprender a lidar”. “A minha família também esteve sempre muito presente”, realça, referindo que teve “sempre os pés bem assentes no chão”.

“Há uma frase que diz: ‘Tu recebes aquilo que dás’. Eu sou muito assim. Já tive algumas deceções, não só a nível pessoal, como profissional também, de dar muito, me preocupar bastante e depois não receber o mesmo. O erro está já a partir do momento que a gente cria essa expectativa. Achar que o outro vai ter a mesma consideração que nós tivemos. Hoje em dia já me protejo desse tipo de deceções. Dou aquilo que as pessoas me dão”, explica.

Além da moda e da representação, Sharam Diniz conta ainda com um negócio de extensões, ‘Sharam Hair’. Uma empresa que atualmente tem um website online e faz entregas em todo mundo, sendo a base em Nova Iorque. No entanto, “num futuro bem próximo”, abrirá loja física também em Lisboa.

Neste momento é o único projeto longe do estrelato, mas já está a pensar em novidades para o futuro.

Sharam vai ficar em Portugal pelo menos até abril de 2019 e depois deverá ir para Los Angeles. “Este é o plano, mas pode ser que surja algo”, acrescenta, referindo que gostava de investir mais na área da representação.

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