Cooperação económica "tem de ser espinha dorsal" da comunidade, diz Costa
O primeiro-ministro português, António Costa, defendeu hoje que a cooperação económica e empresarial "tem de ser a espinha dorsal" da CPLP, que descreveu como uma "grande ponte" mais necessária do que nunca no quadro global.
© Global Imagens
País CPLP
António Costa falava na sessão de encerramento da XII Cimeira de chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorreu em Santa Maria, na ilha do Sal, Cabo Verde, desde terça-feira.
Num discurso de cerca de oito minutos, o chefe do Governo português realçou as decisões tomadas nesta cimeira "centradas nas pessoas", defendendo que são os povos dos nove Estados-membros da CPLP que "unem estes países".
Neste contexto, afirmou: "A par do aprofundamento da cooperação económica e empresarial, que tem de ser a espinha dorsal da CPLP, é essencial reforçarmos este primeiro pilar que são as pessoas".
Quanto ao papel da CPLP no quadro global, o primeiro-ministro português referiu que esta comunidade de países celebrou na terça-feira o seu 22.º aniversário, acrescentando: "E hoje, mais do que nunca, no mundo em que vivemos, a CPLP é essencial".
"Porque, num momento em que muitos põem em causa o multilateralismo, que põem em causa a supremacia do direito internacional, que progridem as ideias do protecionismo ou da xenofobia, mais do que nunca é necessária esta grande ponte que se estende do Brasil até Timor, unindo diferentes países que se expressam numa língua comum", argumentou.
António Costa rejeitou que a CPLP seja vista como "uma alternativa" à participação dos diferentes Estados-membros noutras plataformas nos respetivos nos espaços em que se inserem, sustentando que, pelo contrário, uma das suas "grandes mais-valias" é precisamente a conjugação de países que "participam ativamente" em organizações regionais como o Mercosul, a União Europeia ou a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental.
"É o facto de haver esta participação múltipla numa plataforma comum que nos permite a todos poder desenvolver uma ação mais relevante a nível internacional, a que se deve somar a cooperação triangular de que o Forum Macau é exemplar, ou o diálogo que queremos prosseguir com a Secretaria-geral Ibero-Americana, com a Organização Internacional da Francofonia ou com a Commonwealth", reforçou.
Por outro lado, o primeiro-ministro português defendeu que "investir e fortalecer o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP)" deve ser "uma das prioridades" da presidência cabo-verdiana da CPLP nos próximos dois anos.
António Costa afirmou que Portugal tem "muito orgulho" em partilhar a língua portuguesa com os demais países lusófonos, fazendo dela "uma grande língua universal".
"Esta é a língua em que se expressam 260 milhões e que brevemente serão 350 milhões de pessoas em todo o mundo", salientou.
No que respeita aos cidadãos da CPLP, António Costa saudou as decisões tomadas nesta cimeira sobre juventude, igualdade de género, qualidade e acreditação dos cursos de ensino superior e mobilidade no espaço desta comunidade.
O primeiro-ministro apontou a exploração dos oceanos como "o grande desafio" para o século XXI e terminou a sua intervenção cintando o que ouviu dizer umas crianças "saudando a chegada do então primeiro-ministro António Guterres à ilha do Príncipe".
"Acho que expressa muito bem aquele que é o sentido da CPLP: Nós somos vizinhos de tão longe, mas amigos de tão perto", declarou António Costa.
Criada há 22 anos, a CPLP tem atualmente nove Estados-membros: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Guiné Equatorial - cuja adesão, em 2014, criou polémica.
Os presidentes da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, que saiu antes até da sessão plenária, e do Brasil, Michel Temer, já não participaram nesta sessão de encerramento, que começou com perto de uma hora de atraso em relação à hora prevista.
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