Perto de 100.000 assinalam centenário do assassínio do último czar
Uma procissão juntou perto de 100.000 pessoas na noite de segunda-feira para hoje em Ekaterimburgo (Urais) para assinalar o centenário do assassínio pelos bolcheviques do último czar da Rússia Nicolau II e da sua família.
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Mundo Rússia
O patriarca da igreja ortodoxa Kirill guiou a procissão, que deixou cerca das 02:00 o local onde foram mortos o czar e a sua família, em Ekaterimburgo, e se dirigiu para o mosteiro de Ganina Iama, situado a 21 quilómetros e construído pela igreja para assinalar a execução.
"Rezamos pelo czar e imperador Nicolau, um mártir, rezamos por aqueles que sofreram com ele", declarou Kirill perante a multidão, adiantando que a Rússia deve retirar lições "desta experiência difícil e amarga".
Nicolau II, a czarina Alexandra e os seus cinco filhos foram fuzilados na noite de 16 para 17 de julho de 1918 pelos bolcheviques, que acabaram assim com 300 anos da dinastia dos Romanov à frente do império russo.
A família imperial foi canonizada em 2000 pela igreja ortodoxa russa e em 2008 o Supremo Tribunal da Rússia reabilitou-a, considerando-a vítima da repressão política bolchevique.
Xenia Lutchenko, especialista em questões da igreja ortodoxa russa, disse ao jornal Vedomosti que o Estado russo se absteve de assinalar este centenário porque o assassínio de Nicolau II e da sua família "não pode ser utilizado no contexto da educação patriótica, já que eles foram fuzilados por membros da Tchéka", antecessora do KGB, do qual o presidente russo, Vladimir Putin, foi agente.
Descobertos em 1979, os restos mortais de Nicolau II, da sua mulher e de três dos seus filhos foram enterrados na fortaleza de Pedro e Paulo em São Petersburgo em 1998.
O patriarca da altura evitou a cerimónia e vinte anos depois a igreja ortodoxa continua a recusar reconhecer a sua autenticidade.
Encontrados em 2007, os presumíveis restos de dois outros filhos ainda não foram enterrados devido ao desacordo entre as autoridades e a igreja.
Segundo esta, os bolcheviques queimaram sem deixar rasto os corpos das suas 11 vítimas, os da família imperial e de outros próximos, numa vala de uma floresta nos Urais, perto do mosteiro de Ganina Iama.
Por ocasião do centenário, a igreja pode dar um passo e considerar um enterro religioso, depois de novos testes de ADN terem confirmado na segunda-feira a autenticidade dos restos da família imperial.
O clero analisará "com atenção" esses resultados, declarou o porta-voz da igreja, Vladimir Legoida, saudando a "atmosfera de transparência" com que as autoridades russas conduziram o inquérito, aberto em 2015 e ainda em curso.
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