Inflação acumulada em Angola atinge em junho valor mais baixo desde 2016
A taxa de inflação mensal em Angola caiu ligeiramente em junho, para 1,26%, colocando o acumulado dos últimos 12 meses nos 19,5%, o mais baixo dos últimos dois anos, indicam dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
© Lusa
Economia INE
Segundo o relatório mensal do INE angolano sobre o comportamento da inflação, ao qual a Lusa teve hoje acesso, o Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) de junho contrasta com os 1,27% de maio, 1,22% em abril e 1,44% em março.
Estes registos comparam ainda com o pico mais recente, de 2017, entre setembro e outubro, período em que os preços em Angola aumentaram 2,39%, logo após as eleições gerais de agosto.
O pico da inflação mensal em Angola nos últimos anos registou-se em julho de 2016, quando, no espaço de um mês, os preços registaram um aumento médio de 4%.
A inflação acumulada a 12 meses já tinha descido em maio, para 19,84%, depois dos 20,22% de abril.
Em junho, o acumulado desceu para 19,52%, valor apenas superior ao 18,26% de fevereiro de 2016.
Segundo o INE, a subida de preços em junho de 2018 foi influenciada sobretudo pelos setores " Vestuário e Calçado", com 1,99%, pelo "Saúde", com 1,60%, pelos "Bens e Serviços Diversos", com 1,56%, e pelo "Mobiliário, Equipamento Doméstico e Manutenção", com 1,38%.
Os aumentos de preços foram liderados pelas províncias de Malanje (2,63%), Bengo (2,38%), Moxico (1,92%) e Cunene (1,77%), enquanto as com menor variação foram a Lunda Sul (0,77%), Namibe (0,86%), Cuando Cubango (0,86%) e Cabinda (1,00%).
Desde setembro de 2014 que a inflação em Angola não para de aumentar, acompanhando o agravamento da crise económica, financeira e cambial decorrente da quebra na cotação internacional do barril de petróleo bruto, o que fez disparar o custo, nomeadamente dos alimentos.
O Governo angolano prevê chegar ao final de 2018 com uma inflação acumulada de 28,7% (entre janeiro e dezembro), mas a previsão é abalada depois de, nos dois últimos anos, ter visto a meta largamente ultrapassada e sempre a dois dígitos, devido à crise.
A concretizar-se, este será o segundo valor anual da inflação mais alto desde 2004 em Angola.
A previsão para 2018 é desde logo condicionada pelo novo regime flutuante cambial, em que a taxa de câmbio é definida pelo mercado, nos leilões de divisas realizados pelo Banco Nacional de Angola para os bancos comerciais.
Nos primeiros três meses deste regime, o kwanza sofreu uma depreciação de 37% face ao euro, o que poderá agravar os custos de importação do país.
Entre janeiro e dezembro de 2016 (12 meses) os preços em Angola subiram praticamente 42%, segundo os relatórios anteriores do INE sobre o IPCN.
Em todo o ano de 2017, a subida acumulada nos preços foi 23,67%, registo muito superior à previsão de 15,8% para o período entre janeiro e dezembro que o Governo inscreveu no OGE.
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