Reuven Rivlin critica lei que permite localidades reservadas a judeus
O presidente israelita, Reuven Rivlin, criticou hoje um projeto de lei em discussão no Parlamento, apoiado pelo Governo, que considera discriminatório por permitir localidades reservadas aos judeus.
© Reuters
Mundo Presidentes
A declaração de Rivlin integrou as primeiras páginas dos media nacionais dado ser raro que o presidente israelita, que tem um papel protocolar, intervenha no debate político.
O projeto de lei em causa foi aprovado em maio na generalidade, estipulando um dos seus artigos que "o Estado pode autorizar que uma comunidade composta por pessoas da mesma fé e nacionalidade mantenha o seu caráter exclusivo".
Avi Dichter, deputado do Likud, o partido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, autor do projeto de lei, explicou hoje à rádio pública que o texto visa "permitir a uma população sionista viver sem ter ao lado uma população que não está pronta a defender as fronteiras do país".
Dichter referia-se aos cidadãos árabes israelitas, que representam 17,5% da população total, com perto de 80% de judeus.
O presidente Rivlin criticou a lei numa carta aberta, considerando que "poderá prejudicar o povo judeu no mundo e em Israel e poderá mesmo constituir uma arma para os (seus) inimigos".
"Queremos apoiar a discriminação e exclusão de homens e mulheres devido à sua origem étnica?", questiona.
Segundo ele, a lei vai permitir "a uma comunidade estabelecer localidades excluindo judeus sefarditas (descendentes de judeus originários da Península Ibérica), ultraortodoxos, drusos, membros da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgéneros)", questionando: "É esta a visão sionista?".
O procurador-geral Avivhai Mandelblit também exprimiu a sua oposição à lei "na sua formulação atual".
A lei, que Netanyahu espera que seja votada até ao final de julho, tem outro artigo polémico que prevê tornar o hebreu a única língua oficial de Israel, propondo um "estatuto especial" para o árabe.
Como nenhuma lei foi aprovada desde a criação de Israel em 1948, o hebreu e o árabe são considerados idiomas oficiais, utilizados em todos os documentos oficiais.
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