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Velhos artesãos e novos criadores tentam salvar ofícios antigos

Evitar o desaparecimento de ofícios tradicionais, como tamancaria ou cestaria, pondo "velhos" artesãos e novos criadores a trabalhar lado a lado e em parceria, é o objetivo de um projeto lançado pela Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho.

Velhos artesãos e novos criadores tentam salvar ofícios antigos
Notícias ao Minuto

09:19 - 02/07/18 por Lusa

Cultura Alto Minho

Denominado 'Ats + Handicrafts' o projeto traduz-se num "desafio" à "reinvenção" dos ofícios e artesanato tradicionais, com novas abordagens mas com recurso às técnicas e ferramentas ancestrais.

Através do 'design', da arquitetura ou das artes plásticas, os criadores são desafiados a conceber novos produtos inspirados no "saber fazer" dos artesãos da região.

A confeção será "um trabalho a quatro mãos", juntando o autor da ideia e o artesão.

"O grande objetivo é fazer com que os jovens invistam no artesanato e vejam nele uma solução profissional. Caso contrário, corremos o risco de ficarmos sem artesãos e de se perder um património valiosíssimo", disse o presidente da CIM à agência Lusa.

Segundo José Maria Costa, a região "já começa a sentir falta" de artesãos para actividades mais tradicionais, sendo esta uma tendência que "urge inverter".

"Com este projeto, pretendemos reinventar o artesanato tradicional e demonstrar que ele casa muito bem com a modernidade", acrescentou.

Numa primeira fase, foram selecionados os 26 artesãos que integram o projeto.

São representativos de todos os 10 concelhos do Alto Minho e de várias artes, como latoaria, pintura cerâmica, tecelagem ou cantaria.

Há também tamanqueiros, cesteiros, ferreiros, bordadeiras, sapateiros, tecedeiras de linho, bonecreiros, empalhadores ou modeladores.

No domingo, foi lançado o concurso público para os criadores interessados em participar no projeto, que têm até 30 de setembro para apresentarem as suas ideias e dizerem com que artesãos querem trabalhar.

Numa primeira fase, serão selecionadas 15 ideias, cinco das quais serão posteriormente escolhidas para construção do protótipo, num trabalho desenvolvido entre os respetivos autores e os artesãos do Alto Minho.

Um trabalho que decorrerá nas típicas oficinais dos mestres artesãos da região.

Cada selecionado receberá 500 euros pela ideia e terá mais 500 para desenvolvimento do protótipo.

Um júri elegerá os três melhores protótipos, que serão premiados com 2.000 euros (o 1.º), 1.000 (2.º) e 500 euros (3.º).

"Alguns dos artesãos envolvidos são já os últimos representantes da arte e este projeto é uma tentativa de que outros possam aprender as suas técnicas e não as deixem desaparecer", sublinhou à Lusa Ana Carvalho, da "Marca d'Água", produtora do projeto.

Apontou, designadamente, os casos de António e Manuel Pereira, pai e filho, cesteiros de Arcos de Valdevez, de João Armada, de Ponte de Lima, mestre em latoaria artística, e do ferreiro em forja Manuel Carvalho, de Caminha.

Ana Carvalho lembrou que criadores e artesãos vão trabalhar "lado a lado e em conjunto" no projeto, uma proximidade que poderá gerar novos interessados nos ofícios tradicionais.

Numa primeira fase do projeto, a Marca d'Água produziu documentários com cada um dos 26 artesãos, que serão divulgados no canal de vídeo digital "V".

"Trata-se quase de um registo histórico, porque, repito, alguns retratam os últimos mestres da sua arte no Alto Minho", disse ainda Ana Carvalho.

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