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Migrações são tema de ciclo do Maria Matos a partir da próxima semana

As migrações e o impulso que têm causado em políticas de receção ou de exclusão são temas abordados pelo ciclo 'Migrações', iniciativa do Teatro Municipal Maria Matos, a decorrer a partir do próximo dia 19, em Lisboa.

Migrações são tema de ciclo do Maria Matos a partir da próxima semana
Notícias ao Minuto

12:00 - 11/06/18 por Lusa

Cultura Teatro

A apresentação dos espetáculos 'Sanctuary', do encenador Brett Bailey, da África do Sul, e 'Provisional Figures Great Yarmouth', do encenador e realizador Marco Martins, fazem parte do ciclo, que se prolonga até julho e que inclui uma 'masterclass' com Mehdi Alioua, sociólogo e professor de Ciências Políticas na Universidade Internacional de Rabat, em Marrocos, e presidente de um grupo antirracista.

Na instalação 'Sanctuary', uma prisão em forma de labirinto a percorrer pelo espetador com atores do Médio Oriente, África, Europa, e das cidades de Lisboa e Porto, o público vai confrontar-se com cenas realizadas por migrantes, refugiados e ativistas.

A peça concebida por Brett Bailey define-se como uma jornada virtual sobre uma União Europeia em crise, onde o racismo e a xenofobia aumentam, ao mesmo tempo que se expande a vigilância e os controlos nas fronteiras, lê-se numa apresentação do espetáculo.

Para construir este labirinto, o encenador sul-africano visitou campos de refugiados por toda a Europa, ao longo de dois anos.

O espetáculo pode ser visto de 19 a 24 de junho (com entradas em cinco horas diferentes), no Estúdio 1 da Tobis, no Lumiar.

A 21 de junho, na sala principal do Maria Matos, Mehdi Alioua é um dos oradores, num debate sobre migração, e as diferentes condições de mobilidade a que estão sujeitos os cidadãos do mundo.

O objetivo é propor um olhar crítico sobre o que é a experiência concreta de quem decide migrar, pondo lado a lado a perspetiva dos movimentos migratórios em África e os que ocorrem em território europeu. "Exílio, memória e ligação social: captar a África em movimento" é o título da comunicação de Mehdi Alioua.

O encontro conta ainda com uma intervenção da jurista francesa Claire Rodier, diretora do Grupo de Informação e de Suporte aos Imigrantes (GISTI). Cofundadora da rede euro-africana Migreurop, Claire Rodrier questionará a noção de crise migratória numa comunicação intitulada "A Europa está confrontada com uma 'crise migratória'?".

A psicóloga social Iolanda Évora, investigadora em pós-doutoramento, no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, é outra das participantes na iniciativa.

No dia seguinte, na sala de ensaios do Maria Matos, Mehdi Alioua protagonizará um debate e uma 'masterclass' sobre integração de migrantes.

Dirigida a coordenadores de projetos junto da população refugiada em Portugal, ao público em geral e a artistas e investigadores, a iniciativa será falada em francês e intitula-se 'Migrant's scène Rabat', uma plataforma artística e um trampolim de ideias'.

Nesta ação, o também presidente do grupo antirracista Gadem pare do exemplo do Festival Migrant's Scène, um festival de teatro dinamizado pela comunidade de ativistas e migrantes em território marroquino, que trabalha questões relacionadas com a integração de migrantes em Rabat, Marrocos.

Como promover a diversidade e miscigenação tanto em cena como no público é, segundo o Maria Matos, um dos objetivos da aula.

De 28 de junho a 04 de julho, na sala principal do Maria Matos, vai estar em cena a peça "Provisional figures Great Yarmouth", um projeto do encenador e realizador Marco Martins, duas semanas depois da apresentação do projeto no Teatro Rivoli, no Porto, marcada para o final desta semana (dias 15 e 16), no âmbito do Festival Internacional de Expressão Ibérica (FITEI), cerca de um mês após a estreia no local de origem, na Grã-Bretanha.

'Provisional figure', a denominação utilizada em estudos estatísticos para designar todos os emigrantes com uma situação indefinida ou provisória, que se encontrem a trabalhar no Reino Unido, é o culminar de dois anos de investigação junto da comunidade portuguesa de Great Yarmouth.

Neste trabalho, Marco Martins, o realizador de 'São Jorge', propõe uma reflexão sobre os problemas da identidade e da emigração, num contexto urbano abalado pela crise económica e decorrente de convulsões sociais.

Este tipo de emigração, pouco conhecida em Portugal e cujo auge ocorreu entre 2009 e 2014, tinha como destino as fábricas de transformação alimentar (perus e galinhas), instaladas na localidade de Great Yarmouth, na costa leste de Inglaterra, tradicionalmente afetada pelo desemprego.

No contexto de decadência daquela vila costeira, em tempos destino balnear dos britânicos, as fábricas utilizaram a capacidade de alojamento dos hotéis e dos campos de caravanas semiabandonados, para aí instalarem os novos trabalhadores.

Com nove habitantes de quatro nacionalidades, Marco Martins construiu, ao longo de meses, um espetáculo baseado em testemunhos pessoais de quem viveu aquele período de incerteza e adaptação, explorando as contradições do comportamento humano e a natureza das relações entre os homens e os outros animais.

Com conceito e dramaturgia de Marco Martins, a partir de uma ideia original de Renzo Barsotti, a peça é interpretada por Ana Moreira, Maria do Carmo Ferreira e Sérgio Cardoso de Pinho (Portugal), Ivan Ammon (Eslovénia), Pedro Cassimo (Moçambique) e pelos ingleses Peter Dewar, Richard Raymond, Robert Elliot e Victoria River.

A 03 de julho, no Maria Matos café, haverá uma conversa sobre residência artística 'online', com Marco Martins e elementos da plataforma de residências artísticas RAUM, entre os quais Sandra Vieira Jürgens.

Esta peça de Marco Martins fez parte do Festival de Norfolk e Norwich, estreou-se em finais de maio, na sala Drill House, com lotação esgotada nas duas representações, fruto da curiosidade que o projeto causou na vila, com menos de 40 mil habitantes.

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