Com habilitação em música erudita, a alemã, não raramente, toca o violino tal qual uma guitarra acústica ou cavaquinho. A italiana formada em Paris, por sua vez, tira da flauta uma gama diversa de sons, capaz de chegar ao canto dos pássaros. Já o brasileiro, filho de portuguesa, autodidata, encanta pela entrega ao contrabaixo de apenas três cordas, que ao longo do concerto também é tocado como percussão.

A descrição, apesar de literal, não faz jus aos B-Mesmo numa apresentação ao vivo. Porque a identidade do trio encontra-se exatamente nas várias possibilidades apresentadas por estes músicos de culturas distintas que, em comum, têm pelo menos três elementos: a necessária empatia musical, o prazer em explorar os instrumentos que tocam de formas pouco convencionais e o amor pelo “lado B da música”.

Nascido há pouco mais de um ano, em Lisboa, o trio chama a atenção principalmente pelos arranjos “fora da caixa” que garantem releituras especiais de canções brasileiras, italianas, espanholas, argentinas. “A ideia do B-Mesmo é, em princípio, apenas tocar músicas desconhecidas de grandes artistas, o lado B”, explica o contrabaixista Walter Areia, que, no Brasil, tocou com nomes como Alceu Valença, ou Naná Vasconcelos.

A proposta de tocar apenas músicas de outros artistas, no entanto, mudou. O B-Mesmo iniciou, no passado mês de abril, uma nova etapa, com o lançamento do single 'Navigare'. A primeira música própria, disponível nas plataformas digitais, foi lançada num bem-sucedido concerto na Casa da Música do Porto, no último dia 3.

Em Lisboa, a apresentação de um repertório mais autoral, com outras duas canções próprias, 'Joia do Universo' e 'Pas de Frontiers', será na Fábrica Braço de Prata, este sábado (26).

Com a mudança no repertório, o B-Mesmo passa a vislumbrar ainda para 2018 o lançamento de um álbum com músicas próprias e alguns covers. Para 2019, a expectativa é de tournée pela Europa começando por Alemanha, França e Itália.

“Estamos curiosos para ver como vai ser. ‘Navigare’ é uma música mais contemplativa, melancólica, mas (no álbum) vão ter outras com espírito diferente, com distorção, mais raiva. É o que imagino para esse grupo sem identidade fixa”, prevê Elena.

B-Mesmo na Fábrica Braço de Prata [R. Fábrica de Material de Guerra 1, Lisboa]

Dia 26/5, a partir das 23h30