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Espanha retoma exumações controversas próximas do túmulo de Franco

Os trabalhos de exumação de restos mortais de quatro vítimas da Guerra Civil espanhola, que se encontram próximo do mausoléu do ditador espanhol Francisco Franco, foram retomados hoje, indicou fonte oficial em Madrid.

Espanha retoma exumações controversas próximas do túmulo de Franco
Notícias ao Minuto

16:56 - 23/04/18 por Lusa

Mundo Madrid

Fontes da Direção do Património Nacional espanhol, citadas pela agência noticiosa Associated Press (AP), indicaram que o recomeço das operações de exumação pode constituir um precedente sério, pois poderá abrir portas para muitos outros pedidos semelhantes de familiares das vítimas.

Crê-se que os corpos das quatro vítimas estejam em túmulos no Vale dos Caídos, um controverso mausoléu neoclássico a noroeste de Madrid, onde mais de 33 mil vítimas da guerra civil (1936/39) dos dois lados da barricada foram enterradas juntamente com os restos mortais de Franco quem em vida, ordenou a construção do cemitério.

Franco apresentou este grandioso complexo como o "símbolo da reconciliação nacional" espanhola, mas os familiares das vítimas há muito que o contestam, alegando que foi utilizada mão de obra escrava na construção e porque presta homenagem a um ditador que reinou em Espanha até à data da sua morte, em 1975.

Alguns deles levaram mesmo a questão para os tribunais, em que pediram a exumação dos restos mortais para que as várias famílias em causa possam prestar as suas próprias cerimónias fúnebres.

Os familiares que recorreram aos tribunais alegaram que nunca foram informados sobre o local onde tinham sido enterradas as vítimas e que a localização do mausoléu de Franco, situado num local proeminente próximo do altar da basílica, é um insulto à memória das vítimas.

Numa primeira tentativa, em 2016, um juiz local ordenou a exumação dos irmãos Lapena, membros de uma central sindical anarquista ilegalizada, que foram executados sem direito a julgamento em 1936.

No entanto, pouco depois, a direção da basílica impediu juridicamente o início dos trabalhos preparatórios da exumação, o que se prolongou por dois anos, até que as altas autoridades da Igreja Católica espanhola aceitaram, em janeiro, dar cumprimento à ordem do juiz.

Eduardo Ranz, advogado dos descendentes de Manuel e António Lapena, disse, por outro lado, que os familiares de Pedro Gil e de Juan Gonzalez, dois soldados que morreram a combater o exército de Franco, também pediram a recuperação dos restos mortais.

"Os espanhóis vão ser testemunhas deste dia histórico", afirmou Eduardo Ranz, ao assistir ao reinício dos trabalhos de exumação dos restos mortais dos irmãos Lapena.

O advogado, porém, acrescentou que o objetivo final é tão só conseguir reunir a família em torno dos dois irmãos.

"Isso será o fim do processo, quando a verdadeira reparação possa ser finalmente concretizada", realçou.

Para já, indicou fonte da Direção do Património Nacional espanhola, que solicitou anonimato, uma equipa de arquitetos está a avaliar o estado das criptas e a criar condições para que as exumações possam ser realizadas em segurança, afirmando ainda desconhecer por quanto tempo prosseguirão os trabalhos.

Em 2011, a comissão de peritos que está a analisar o futuro do Vale dos Caídos recomendou que os restos mortais de Franco deveriam ser retirados da Basílica, estando a decisão final nesse sentido nas mãos do Governo.

Numa investigação separada descobriu-se, entretanto, a existência de infiltrações e de fugas de água, bem como de fissuras nas capelas e criptas que guardam os restos mortais de 33.847 vítimas da guerra civil espanhola, deixando algumas zonas com montes de ossadas humanas.

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