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Em conferência emocionada, Guardia Civil garante que Gabriel "não sofreu"

As autoridades espanholas falaram hoje sobre as evoluções da Operação Nemo, assim nomeada em homenagem a Gabriel Cruz. Unidade especial de investigação da Guardia Civil deu uma explicação de todo o processo, falando inclusive do momento da descoberta do cadáver do menino de oito anos.

Em conferência emocionada, Guardia Civil garante que Gabriel "não sofreu"
Notícias ao Minuto

17:16 - 15/03/18 por Anabela de Sousa Dantas

Mundo Espanha

As autoridades espanholas fizeram esta manhã de quinta-feira uma conferência de imprensa para fazer a recapitulação da investigação à morte de Gabriel Cruz, o menino espanhol de 8 anos de idade, cujo cadáver foi encontrado no porta-bagagens de um carro guiado pela namorada do pai, Ana Julia Quezada.

A comunicação à imprensa foi liderada por José Hernández Mosquera, tenente coronel da Guardia Civil da província de Almería, e Juan Jesús Reina, comandante da unidade operacional (Unidad Central Operativa, UCO) da Guardia Civil, que explicaram os pontos principais de todo o processo, desde o desaparecimento da criança à confissão de Ana Julia Quezada.

Numa comunicação difícil, houve uma pergunta que foi mais dura de responder, a que inquiria sobre o sentimento dos agentes na descoberta do corpo, sendo uma criança. De voz entrecortada, Jesús Reina tentou explicar.

“O momento mais duro da nossa carreira, para todos. Dito isto, houve comentários de que choramos. Claro que choramos, claro que sim. E quem não o fez naquele momento, fê-lo depois ou em qualquer momento... Somos humanos”. Veja o momento abaixo:

Os agentes daquela unidade especial de investigação, conforme já tinham explicado em momentos anteriores, trabalhavam com a forte convicção de que poderiam ainda encontrar Gabriel com vida, e por isso até enredaram a principal suspeita num engodo, para que cometesse um erro.

O erro foi cometido, no passado domingo, dia 11 de março, mas a esperança de encontrar o menino com vida foi frustrada no momento em que se abriu o porta-bagagens do carro de Quezada. Uma agente da UCO já antes tinha descrito os trágicos eventos daquele domingo.

"Iniciamos uma manobra para que a imprensa não seguisse Ana Julia"

Gabriel desapareceu em Las Hortichuelas, uma localidade no município de Níjar (província de Almería), no dia 27 de fevereiro e no mesmo dia, por volta das 20h, foram iniciadas as buscas, que ao longo de 12 dias contaram “com mais de 5 mil agentes” das autoridades, com “mais de 625 quilómetros quadrados” percorridos.

Ana Julia Quezada, de 43 anos de idade, e namorada do pai do menino, levantou algumas suspeitas desde os primeiros momentos, também devido à frieza com que respondia aos interrogatórios de rotina das autoridades. Foi pedido um levantamento de “informação sobre o seu passado em Burgos”, mas sem caráter urgente. Pelo menos, até esta ter apresentado uma camisola de um menino encontrada numa zona já investigada. “A linha de investigação sobre ela ganhou força”, indicou o comandante, explicando que foi “submetida a vigilância desde o início e ia muito à casa de Rodalquilar”, onde estava o corpo do menino.

Depois de a avó da criança ter confirmado às autoridades um detalhe crucial, que Ana Julia tinha saído de casa dela pouco depois de Gabriel, o círculo apertou-se. “Iniciamos uma manobra para que a imprensa não a seguisse”, explicou, sobre o facto de ter sido pedido aos pais para fingir normalidade em torno de Quezada, mesmo depois de se terem adensado as suspeitas.

“O maior isco que podíamos colocar a Ana Julia era deixá-la solta para ela nos levar até ao Gabriel”, explicou. O que acabou por acontecer.

"É um facto evidente que Gabriel não insultou Ana Julia"

A mulher de nacionalidade dominicana decidiu, a 11 de março, mover o corpo da criança, decisão que resultou na sua detenção, tendo sido intercetada pelos agentes da Guardia Civil com o cadáver no porta-bagagens do carro. Desde esse dia que tem sido feito um esforço de reconstituição dos eventos, algo que no início era dificultado pelo silêncio de Quezada, até que esta finalmente confessou o crime, na passada terça-feira.

Mas com meias verdades, de acordo com a polícia. Ana Julia descreveu que seguiu atrás de Gabriel, no dia 27 de fevereiro, quando este se dirigia para casa dos primos. Ia de carro e disse-lhe que ia à casa de Rodalquilar, convidando-o a ir com ela. Ele foi.

O que ela descreve a seguir é um confronto entre ela e o menino em que ele a insulta, tenta-a agredir com um machado e ela reage, dando-lhe um golpe com a parte romba do mesmo. Vendo que estava sem sentidos, com “medo da reação do pai”, tapa-lhe a boca e o nariz e sufoca-o. Sem elaborar mais, deixou claro: “Não sofreu”.

“Os pais educaram o Gabriel com amor e respeito aos outros. É um facto evidente que Gabriel não insultou Ana Julia”, explicou o comandante. “Ninguém sabe como aquilo aconteceu. O Gabriel era um bom menino, se lhe pediam que entrasse no carro, ele entrava”, acrescentou, desacreditando a justificação dada pela suspeita, que pretenderá atenuar a acusação sobre si.

O móbil do crime continua por saber, mas não o responsável fez a sua leitura: “A razão pela qual se cometem estes crimes está só na mente da pessoa que os realiza, mas há um facto evidente. Para Ángel [pai da criança], o Gabriel era a prioridade. Se tinha um dia era para o filho, se tinha uma hora também. Era o que mais queria”.

Jesús Reina explica que Ana Julia “é uma pessoa manipuladora” que “interpretava farsas com os meios de comunicação”, com as autoridades e com os pais. “A nossa acusação é de detenção ilegal e assassinato, não homicídio”, termina.

Foi esta quinta-feira noticiado, recorde-se, que Ana Julia Quezada recebeu a medida de coação mais gravosa, prisão preventiva.

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