Myanmar quer livrar-se dos muçulmanos Rohingya, acusa conselheiro da ONU
O conselheiro da Organização das Nações Unidas (ONU) para a prevenção do genocídio afirmou na terça-feira que a informação que tem recebido indica que o governo de Myanmar pretende livrar-se dos muçulmanos Rohingya, no Estado de Rakhine.
© Reuters
Mundo Limpeza
Em comunicado, Adama Dieng admitiu que entre as intenções do executivo birmanês esteja a de "destruir" esta minoria, "o que, se provado, constitui um crime de genocídio".
Dieng visitou o Bangladesh, entre os dias 07 e 13 de março de 2018, para avaliar a situação dos Rohingyas e classificou o que ouviu e testemunhou como "uma tragédia humana com as impressões (digitais) do governo de Myanmar (ex-Birmânia) e da comunidade internacional".
No seu texto, este advogado senegalês afirmou: "A campanha de terra queimada feita pelas forças de segurança de Myanmar, desde agosto de 2017, contra a população Rohingya era previsível e evitável".
Acusou também que, "apesar de numerosos avisos" que fez "dos riscos de crimes atrozes, a comunidade internacional enterrou a sua cabeça na areia, o que custou à população Rohingya de Myanmar as suas vidas, a sua dignidade e as suas casas".
O regime de Myanmar, cuja população é maioritariamente budista, não reconhece os Rohingya como um grupo étnico, insistindo que são migrantes bengalis do Bangladesh, que vivem ilegalmente no país, e nega-lhes a nacionalidade, o que os deixa apátridas.
A recente onda de violência começou quando militantes Rohingya lançaram uma série de ataques, em 25 de agosto do ano passado a cerca de 30 postos militares e outros alvos.
As forças de segurança de Myanmar começaram então uma campanha de 'terra queimada' contra as aldeias Rohingya, que a ONU e grupos de defesa de direitos humanos denunciaram como limpeza étnica. Cerca de 700 mil Rohingyas fugiram para o Bangladesh, mas várias centenas de milhares permaneceram no Estado de Rakhine, no norte de Myanmar.
Dieng adiantou que os Rohingyas "têm sofrido o que nenhum ser humano deve sofrer", asseverando: "Deixem-nos ser claros, foram cometidos crimes internacionais em Myanmar".
Os muçulmanos Rohingya "têm sido assassinados, torturados, violados, queimados vivos e humilhados apenas porque são quem são", detalhou.
Considerou que a solução depende, antes de mais, do governo de Myanmar, o qual precisa de criar condições para o seu regresso seguro, com "os mesmos direitos de qualquer outro cidadão de Myanmar".
Dirigindo-se à comunidade internacional, disse que esta "não pode falhar outra vez à população Rohingya" e que tem a responsabilidade de "a proteger de mais crimes atrozes".
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