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Rússia usa armas rudimentares para confundir ONU sobre crimes de guerra

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), Moscovo está a usar bombas semelhantes às do regime de Bashar al-Assad para dificultar investigações relativamente à prática de crimes de guerra na Síria.

Rússia usa armas rudimentares para confundir ONU sobre crimes de guerra
Notícias ao Minuto

16:33 - 06/03/18 por Pedro Bastos Reis

Mundo Síria

A Rússia estará a utilizar bombas rudimentares, não-guiadas, na Guerra da Síria com o objetivo de estas se confundirem com o armamento utilizado pelo regime de Bashar al-Assad. Em declarações ao The Guardian, fonte anónima da Organização das Nações Unidas (ONU) disse que Moscovo pretende dificultar investigações relativamente a eventuais crimes de guerra na Síria.

“Parece existir um esforço concertado para que armas muito semelhantes [com as do regime sírio] sejam utilizadas”, disse a mesma fonte ao jornal britânico. “Uma vez que a força aérea síria utiliza aviões antigos, com pilotos sem treino na utilização de armas mais desenvolvidas, [a Rússia] utiliza armamento com capacidades inferiores”, denunciou.

A utilização destas bombas menos sofisticadas, muito inferiores ao melhor armamento à disposição de Moscovo e próximas das utilizadas pelo regime de Bashar al-Assad, diz a ONU, são uma forma de tornar a investigação a crimes de guerra contra civis mais complicadas. A Rússia, recorde-se, envolveu-se diretamente na Guerra da Síria, ao lado do regime, em 2015, tendo levado a cabo desde então uma série de bombardeamentos contra os enclaves controlados pela oposição armada.

Os bombardeamentos russos foram decisivos na conquista da cidade de Aleppo, em 2016. Um cerco semelhante acontece, neste momento, em Ghouta Oriental, enclave rebelde próximo à capital da Síria, que tem sido intensamente bombardeado desde 18 de fevereiro. Mais de 800 pessoas morreram nestas duas semanas.

As acusações de que Moscovo poderia estar a usar armamento rudimentar no conflito não são de agora. No entanto, vários analistas apontaram, na altura, para que o objetivo da Rússia seria aterrorizar as populações, não fazendo distinção entre civis e rebeldes.

“A minha opinião pessoal em relação à utilização deste tipo de armas [rudimentares] é que são usadas para criar pânico, para aterrorizar a população civil, com o objetivo de que esta se revolte contra os grupos armados que operam nas comunidades”, referiu ao The Guardian fonte oficial da ONU, também sob anonimato.

Esta denúncia revelada pelo jornal britânico surge no mesmo dia em que a ONU atribuiu à Rússia, pela primeira vez, a responsabilidade pela morte de civis na Síria.

Segundo os investigadores da Comissão de Inquérito da ONU sobre a Síria, um avião russo terá sido responsável por um bombardeamento em novembro do ano passado na província síria de Idlib, que causou a morte de 84 pessoas. A confirmar-se esta suspeita, Moscovo poderá ter cometido um crime de guerra.

Moscovo nega as acusações e diz que nunca atacou diretamente civis, garantindo que os seus alvos na Síria são apenas grupos armados terroristas que operam nos enclaves de oposição ao regime de Bashar al-Assad, o seu principal aliado na região.

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