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O extermínio em Ghouta: "Ele vai para o céu, pelo menos lá há comida"
Bombardeamentos do regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, já fizeram 426 mortos desde o passado domingo, entre os quais 98 crianças.
© Reuters
Mundo Síria
Noor e Alaa, dois irmãos residentes em Ghouta Oriental, um bastião rebelde situado perto de Damasco, foram filmados dentro de casa depois desta ter sido atingida por um ataque aéreo. “Salvem Ghouta”, pede outra criança, numa sequência de imagens de vídeo agrupada pela BBC que pode ferir a suscetibilidade dos leitores mais sensíveis.
Recorde-se que, para além dos recentes bombardeamentos de que é alvo, o enclave está sitiado pelas forças do regime sírio de Bashar al-Assad desde 2013, enfrentando uma grave crise humanitária. A população tem acesso muito limitado a comida e medicamentos.
Desde domingo passado que a situação se agravou drasticamente, com bombardeamentos e ataques de artilharia do regime, que já fizeram 426 mortos desde domingo, entre os quais 98 crianças.
Um porta-voz da Defesa Civil Síria, os chamados 'capacetes brancos', comparou o ataque a uma "operação de extermínio" do regime de Assad.
“Estou à espera que o meu filho morra, ao menos fica livre da dor”, diz uma mulher, ao lado do corpo do filho, num hospital improvisado. A habitante de Ghouta explica que estava a cozinhar em casa, com o filho, quando o teto caiu. “Ele vai para o céu, pelo menos no céu há comida”, diz, em sofrimento.
O conflito na Síria tem evoluído de forma muito negativa e complexa, desde março de 2011, com a violenta repressão do regime de Bashar al-Assad. Nesta altura, envolve países estrangeiros, grupos jihadistas e tem várias frentes de combate.
Num território bastante fragmentado, o conflito civil na Síria provocou, desde 2011, mais de 350 mil mortos, incluindo mais de 100 mil civis, e milhões de deslocados e refugiados.
Após várias tentativas, o Conselho de Segurança da ONU deve votar esta sexta-feira um projeto de resolução pedindo um cessar-fogo de 30 dias na Síria, para permitir a chegada de ajuda humanitária e a retirada de doentes da Ghouta Oriental.
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