Primeiro-ministro da Etiópia apresenta demissão após violentos protestos
O primeiro-ministro etíope, Hailemariam Desalegn, apresentou hoje no Parlamento uma "carta de resignação", um dia depois da maior manifestação de protesto em 25 anos contra o Governo, noticiou hoje a estação pública de televisão local.
© Reuters
Mundo Hailemariam Desalegn
"O primeiro-ministro disse ter tentado um último esforço para resolver a crise no país e agora apresentou uma carta de resignação como parte da solução", indicou a cadeia de televisão Fana que, citando fontes oficiais, referiu que não está claro se a Câmara de Deputados irá aceitar a demissão.
A Etiópia tem sido assolada nos últimos meses por protestos e manifestações a exigir maiores liberdades, iniciativas reprimidas pelas forças de segurança e que causaram a morte a dezenas de etíopes e a detenção de milhares de outros.
Nas últimas semanas, o Governo da Etiópia, país que tem uma das economias que mais rapidamente crescem em África, decidiu libertar cerca de 6.500 detidos, entre dirigentes da oposição, jornalistas e destacados académicos e intelectuais.
A libertação foi feita em janeiro pelo próprio primeiro-ministro etíope, decisão que surpreendeu o país, tanto mais que o argumento utilizado, após meses de repressão, foi o de querer "alargar o espaço democrático a todos" os cidadãos.
Segundo a Fana, Desalegn, 53 anos, irá continuar em funções até à conclusão do processo de transição, ao mesmo tempo que deixará também funções de deputado do partido Frente Revolucionária e Democrática Popular Etíope (EPRDF, na sigla inglesa).
A contestação e a luta por maiores liberdades na Etiópia começaram em 2015 e, inicialmente, envolveram apenas as populações das províncias de Oromia e de Amhara antes de se espalharem ao resto do país, obrigando à imposição do Estado de Emergência.
O Governo etíope é acusado há muito por várias organizações internacionais de prender jornalistas críticos ao regime e de dirigentes da oposição "apenas por serem desfavoráveis" ao executivo.
Desalegn, que foi secretário-geral da União Africana em 2013, está no poder desde 2012, após a morte do antigo presidente e ditador Meles Zenawi, de quem foi ministro dos Negócios Estrangeiros e depois vice-primeiro-ministro, antes de assumir a chefia do executivo.
O presidente da Etiópia, Mulatu Teshome Wirtu, no cargo desde 2013, ainda não se pronunciou sobre a demissão de Desalegn.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com