Migrações: Paris e Londres assinam quinta-feira tratado
França e Reino Unido vão assinar na quinta-feira, durante uma cimeira bilateral em Sandhurst, no sul de Londres, um novo tratado que ambiciona melhorar a gestão das questões migratórias que unem os dois países, divulgou hoje a Presidência francesa.
© Reuters
Mundo Cimeira
Segundo o Eliseu (sede da Presidência francesa), o Presidente francês, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra britânica, Theresa May, vão assinar um "novo tratado que vai completar os acordos de Touquet", em vigor desde 2004 e que fixam a fronteira britânica em Calais.
O acordo de 2004 permite às autoridades britânicas controlarem a fronteira em parceria com os franceses.
Este protocolo com mais de uma década não conseguiu, no entanto, conter o fluxo de migrantes em Calais, porto no norte de França, localizado em frente à costa inglesa, ou o número crescente de migrantes indocumentados que tentam atravessar o Canal da Mancha e chegar ao território britânico.
Perto de oito mil pessoas chegaram a viver num acampamento de migrantes em Calais que ficou conhecido como a "Selva". Este acampamento seria desmantelado em finais de 2016, mas a situação no terreno não foi totalmente resolvida.
Segundo as autoridades locais, entre 350 e 500 migrantes ainda permanecem no porto de Calais e tentam a atravessar o Canal da Mancha, com recurso a todos os meios possíveis.
As condições em que vivem estes migrantes, frequentemente descritas como desumanas, são consideradas como uma "pedra no sapato" do Presidente Macron, especialmente quando o chefe de Estado francês pretende apresentar uma nova política de migração.
Várias vozes em França têm denunciado o facto de Paris suportar as consequências de um problema migratório que diz respeito principalmente ao Reino Unido.
Na terça-feira, em declarações em Calais, Emmanuel Macron falou da cimeira franco-britânica e abordou alguns dos temas que pretende trabalhar com os britânicos: "gerir melhor" a questão dos menores desacompanhados, "reforçar a cooperação policial" em Calais e "com os países de origem e de trânsito" e "constituir um fundo para apoiar os projetos importantes" para a região de Calais.
Já no domingo, o ministro do Interior francês, Gérard Collomb, explicou ao Journal du Dimanche que o governo francês quer que Londres assuma "uma determinada parte dos custos" de gestão dos fluxos migratórios no norte de França.
Hoje, o Eliseu reiterou que "o novo tratado franco-britânico" vai incidir principalmente nas questões relacionadas com os migrantes menores não acompanhados, com os pedidos de asilo e com a reunificação de famílias e que terá "compromissos específicos de prazos".
Este novo tratado, que terá uma força jurídica equivalente aos acordos de Touquet, prevê ainda "o reforço da cooperação policial franco-britânica para a gestão da fronteira", acrescentou a nota da Presidência francesa.
Em paralelo, segundo o Eliseu, os dois líderes vão anunciar uma contribuição "significativa" do Reino Unido ao Estado francês, particularmente focada para o desenvolvimento económico da região de Calais.
Esta cimeira bilateral, encarada como uma oportunidade para mostrar o futuro do relacionamento franco-britânico após o 'Brexit' (saída do Reino Unido da União Europeia), vai abordar também a cooperação nas áreas da defesa e dos serviços de informação, e um possível empréstimo ao Reino Unido da famosa Tapeçaria de Bayeux (bordada no século XI e que relata a conquista da Inglaterra pelos normandos), exposta atualmente na cidade com o mesmo nome na região da Normandia (norte de França).
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