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Perseguição política? "As exonerações, regra geral, não são justificadas"

João Lourenço afasta a ideia de perseguição política aos filhos de José Eduardo dos Santos. Afirma que exoneração da administração da Sonangol “foi por conveniência de serviço”, como costuma acontecer com as exonerações.

Perseguição política? "As exonerações, regra geral, não são justificadas"
Notícias ao Minuto

10:47 - 08/01/18 por Fábio Nunes

Mundo João Lourenço

João Lourenço lidera os destinos de Angola há 100 dias. O homem que sucedeu a José Eduardo dos Santos, que foi presidente do país durante 38 anos, deu esta segunda-feira uma conferência de imprensa no palácio presidencial, em Luanda, para fazer um balanço destes 100 dias de governação.

Sobre o antecessor, João Lourenço salvaguardou que não sente crispação, mas aguarda que José Eduardo dos Santos cumpra o compromisso anteriormente assumido, de deixar a liderança do partido em 2018.

Os jornalistas aproveitaram a oportunidade para questionar o atual chefe de Estado pela alegada perseguição política aos filhos do antigo presidente e pela exoneração da administração da Sonangol, com Isabel dos Santos à cabeça.

“A pessoa exonerada não era da oposição, portanto não estou a ver porque é que a exoneraria por falta de confiança política. As exonerações, regra geral, não são justificadas. Foi por conveniência de serviço”, explicou João Lourenço.

Outra das filhas de José Eduardo dos Santos, a deputada Welwitschea dos Santos, mais conhecida por Tchizé, criticou na semana passada a rescisão do contrato de gestão da TPA2 com a sua empresa Semba Comunicação, tendo mesmo afirmado que se tratava de uma infâmia.

João Lourenço insistiu que olhar para esta questão como perseguição política “é uma forma incorreta de se analisar o problema”.

“Eu não sou presidente da TPA, que foi quem rescindiu o contrato. Nós não perseguimos pessoas. O contrato foi assinado numa determinada conjuntura e hoje a conjuntura é diferente. Determinou-se que o contrato era demasiado lesivo para o Estado. Se os contratos são prejudiciais ao Estado, o Estado tem de defender-se”, realçou.

Para breve pode estar a exoneração de outra administração liderada por um dos filhos de José Eduardo dos Santos, neste caso José Filomeno dos Santos, que encabeça o conselho de administração do Fundo Soberano de Angola.

O presidente abordou ainda um dos principais problemas de Angola, a corrupção. “Há pessoas que ocupam funções de topo que têm bons salários, boas regalias que o Estado dá e mesmo assim deixam-se corromper. O fenómeno da corrupção em Angola atingiu os níveis que atingiu devido ao que temos vindo a falar nos últimos dias e que é a chamada impunidade”, referiu.

Por outro lado, o Presidente angolano avisou que as relações com Portugal vão "depender muito" da resolução do caso em torno do ex-vice-Presidente, Manuel Vicente, com João Lourenço a classificar a atitude da Justiça portuguesa como "uma ofensa" para Angola.

"Nós não estamos a pedir que ele seja absolvido, que o processo seja arquivado, nós não somos juízes, não temos competência para dizer se o engenheiro Manuel Vicente cometeu ou não cometeu o crime de que é acusado. Isso que fique bem claro", disse, reafirmando a pretensão de o caso do ex-vice-Presidente ser julgado em Luanda, ao abrigo dos acordos judiciários entre os dois países.

"Lamentavelmente [Portugal] não satisfez o nosso pedido, alegando que não confia na Justiça angolana. Nós consideramos isso uma ofensa, não aceitamos esse tipo de tratamento e por essa razão mantemos a nossa posição", enfatizou João Lourenço.

Relativamente à economia angolana, que atravessa um período de menor fulgor face ao que se verificou há alguns anos, João Lourenço não escondeu a necessidade de implementar medidas de austeridade. No entanto, acredita que isso até pode ter um reflexo positivo numa economia demasiado dependente do petróleo.

“A austeridade não significa não diversificar a economia, antes pelo contrário. Angola não tem outra saída se não diversificar a sua economia. As exportações de Angola não se podem basear apenas no petróleo”.

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