Numa batalha, que assustaria a maioria das empresas, mas que galvaniza os clientes de marcas dedicadas ao comércio de produtos para atividades ao ar livre, que valorizam o ativismo ambiental, a Patagonia interpôs na quarta-feira um processo judicial, na sequência do anúncio por Donald Trump da redução em cerca de 85% do território de Bears Ears, uma extensa área protegida criada por Barack Obama em dezembro de 2016.
O processo, interposto em conjunto com um grupo de promoção da escalada e outras organizações, é um de vários que deram entrada nos tribunais depois do anúncio de Trump que inclui ainda o corte de quase 46% da superfície da Grand Staircase-Escalante, um parque protegido em 1996 por ordem de Bill Clinton.
Os dois parques são monumentos nacionais: áreas terrestres ou marítimas protegidas que, ao contrário dos parques nacionais, podem ser estabelecidas sem o aval do Congresso, mediante a simples ordem do Presidente, ao abrigo de uma lei datada de 1906.
Donald Trump considerou que os antecessores na Casa Branca "abusaram" dessa lei para colocar cada vez mais terra e água sob controlo federal e que isso tirou aos habitantes locais a capacidade de decidir a melhor forma de utilizar essas parcelas de terra.
Em concreto, Bears Ears passará dos seus 6.075 quilómetros quadrados para apenas 817, e estará dividido em duas zonas protegidas, isoladas uma da outra.
Já a área de Grand Staircase-Escalante vai 'encolher' de 8.100 quilómetros quadrados para cerca de 4.050, e ficará dividida em três zonas.
A medida desencadeou críticas por parte de organizações de defesa do ambiente, e pelo menos uma delas, a Fundação para a Conservação de Terras, planeia intentar uma ação judicial para tentar desfazer a decisão de Trump.
Também se espera que as cinco tribos que pressionaram a proteção federal de Bears Ears -- Hopi, Navajo, Mountain Ute, Zuni e Ute -- avancem com um processo contra a administração de Donald Trump.
Um dos principais grupos ecologistas dos Estados Unidos, o Sierra Club, defendeu na sequência do anúncio de Trump que a medida constitui "uma vergonha, um insulto à soberania das tribos, aos séculos de herança hispânica e às pessoas de todo o país que amam e se preocupam com as paisagens naturais".
Em sentido inverso, a medida recebeu aplausos de políticos conservadores do estado do Utah, que se tinham oposto frontalmente à decisão de Barack Obama de declarar Bears Ears um monumento nacional.