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ONU rejeita condições fixadas pela Arábia Saudita para reabrir portos

A ONU instou hoje a Arábia Saudita a levantar o embargo ao Iémen sem esperar pelo reforço do controlo de cargueiros com ajuda humanitária que chegam aos portos deste país, uma condição exigida por Riade para levantar o bloqueio.

ONU rejeita condições fixadas pela Arábia Saudita para reabrir portos
Notícias ao Minuto

17:09 - 14/11/17 por Lusa

Mundo Iémen

O embargo - decidido pela coligação em guerra no Iémen desde 2015 para apoiar o Governo refugiado em Aden, no sul do país, contra os rebeldes xiitas Huthis, que controlam a capital, Sanaa, e o norte do território, com o alegado apoio do Irão -, foi imposto no início de novembro, depois de um míssil disparado do Iémen ter sido intercetado perto da capital saudita.

Cerca de sete milhões de pessoas no Iémen vivem em condições próximas da fome, e a ONU já disse temer "a maior fome" das últimas décadas - com "milhões de vítimas" - se o bloqueio não for rapidamente levantado.

Depois de na segunda-feira, numa conferência de imprensa em Nova Iorque, o embaixador saudita na ONU, Abdallah al-Muallimi, ter garantido que alguns portos das zonas controladas pelo Governo do Iémen seriam reabertos, hoje, pelo menos o de Aden já foi reaberto pela coligação árabe, indicou o coordenador humanitário da ONU no Iémen, Jamie McGoldrick.

O responsável das Nações Unidas advertiu, contudo, que todos os portos deverão ser reabertos se se quiser impedir uma catástrofe.

"Todos os portos devem permanecer abertos a todo o tráfego, seja humanitário ou comercial", disse McGoldrick à imprensa por telefone a partir de Amã, por não ter conseguido entrar no Iémen porque os voos para Sanaa estão bloqueados.

O coordenador humanitário recordou que os iemenitas importam 90% dos alimentos que consomem, e que estes lhes chegam, na maioria, pelo porto de Al-Hudayah, e que também 80% da ajuda humanitária chega ao Iémen por aquele porto junto ao de Saleef.

"O porto de Aden e outros estão agora abertos, mas não têm capacidade de descarga suficiente para substituir os de Al-Hudayah e Saleef", sublinhou.

"Pedimos à coligação que abra com urgência todos os portos", exortou o responsável humanitário da ONU, residente no Iémen, insistindo na necessidade da chegada imediata de alimentos, combustíveis e abastecimentos médicos ao país.

"Um total de 21 milhões de iemenitas precisa de ajuda e sete milhões deles encontram-se em situação de fome", declarou, acrescentando que há mais de 900.000 cidadãos afetados pela cólera e mais de 2.200 mortes associadas a esta doença, além de ter sido detetado um surto de difteria no sul do país.

Segundo o porta-voz da Organização Mundial de Saúde (OMS), Christian Lindmeier, registaram-se até 08 de novembro 118 casos suspeitos de difteria e 11 mortes em 10 distritos.

A OMS está a planear para 18 de novembro uma campanha de vacinação de crianças menores de cinco anos, mas, segundo Lindmeier, não há "nem uma dose" da vacina contra o tétano e a difteria em todo o país.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) só tem vacinas para mais três semanas e apenas existem 20 'kits' para tratar traumatismos em todo o Iémen, explicou McGoldrick.

No Djibuti, há barcos da UNICEF e da OMS à espera, com carregamentos de material médico e vacinas, mas estão bloqueados, relatou.

"Se continuar o encerramento daqueles portos, a já de si nefasta situação humanitária transformar-se-á numa ameaça crítica para todos aqueles que neste momento já lutam para sobreviver", sustentou.

A situação é de tal ordem que só há reservas comerciais de trigo para três meses para toda a população de 28 milhões de cidadãos e as de arroz chegarão apenas para 120 dias, precisou.

Também só restam 20 dias de gasóleo no norte do país e 10 de gasolina, pelo que se não chegar rapidamente combustível para o transporte de bens, não poderão ser mantidas em funcionamento as bombas para tirar água dos poços e tratar a água, nem poderão ser ligados os geradores nos hospitais - o que coloca, por sua vez, em perigo o combate à cólera.

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