O goês que viaja pelo mundo a ouvir rádio e a colecionar postais
A companhia das emissões em onda curta, que o goês Jawahar Almeida ouviu nas viagens de barco dos últimos 25 anos pelo mundo, foram fonte de inspiração para o 'hobby' de colecionar postais assinados nas rádios que vai ouvindo.
© iStock
Mundo Jawahar Almeida
Em cada país por que passa - visitou mais de 100 e ouviu rádios de mais de 200 - o capitão de mar tenta visitar os estúdios das rádios que escuta e pede, depois, para lhe assinarem um "cartão de verificação".
"Foi a onda curta que me trouxe a este 'hobby'. No passado, nos dias que passava no mar, o rádio era a única forma de estar em contacto com o mundo. Tínhamos muitas estações em onda curta, incluindo a RDP", contou à Lusa.
"Agora a onda curta desapareceu", lamentou.
Hoje, inesperadamente, bateu à porta do escritório da Lusa em Díli - onde funciona também a delegação da RTP (rádio e televisão) - a pedir para assinar o postal, que o tem a ele próprio, em Goa, como remetente e que confirma que ouviu a emissão da RDP em Díli.
"Isto confirmará que você esteve ouvindo RTP, Díli, como indicado: Data 12 de novembro, 18:10, horal local de Timor-Leste, frequência 105.3 mhz FM", lê-se, em português, no postal, onde está o logotipo da RTP.
Numa mica de plástico, dobrada, traz os outros postais assinados em todos os estúdios das rádios que ouviu. Esta é a sua primeira visita a Timor-Leste, país por onde nunca passou de navio e para onde, "por ser exótico", optou por viajar como turista.
"Ando a fazer isto há quase 25 anos. Sou marinheiro, um capitão em navios e já viajo há 25 anos. Já visitei mais de 100 países. Tenho cartões de quase 4.000 rádios de mais de 200 países", explicou.
"Em Timor-Leste já ouvi 15 rádios diferentes", contou, mostrando as assinaturas e carimbos de rádios como a pública RTTL, a Rádio Liberdade. "Antes da RDP, estive na Rádio Comoro. Ficaram muito contentes com a minha visita e pediram-me logo ajuda sobre como fazer programas. Mas eu isso não consigo fazer", disse, rindo.
As coisas mudaram - "há formas de emitir novas" - e em locais como Timor-Leste "há mais rádios comunitárias" que noutros locais mas, na prática, fazer rádio "é muito parecido em todo o mundo" e o espaço radiofónico continua a ter grande importância, considerou.
Em Goa, disse, continua, apesar da "idade mais avançada", a tentar aprender português, considerando que a sua ligação ao mundo lusófono "é natural".
"Os meus pais falam português, mas eu ainda não aprendi", disse.
Jawahar Almeida sai tão rapidamente como entrou. Ainda há mais cartões a assinar antes de partir de Timor-Leste, no sábado.
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