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EUA: Primeiro presidente negro foi eleito há 9 anos. E o racismo mudou?

A administração norte-americana virou uma página na sua história há nove anos, nesta data, com a eleição de Barack Obama para presidente dos EUA. Ainda assim, a questão racial intensificou-se nos últimos anos.

Notícias ao Minuto

08:30 - 04/11/17 por Anabela de Sousa Dantas

Mundo Efeméride

A 4 de novembro de 2008, Barack Obama foi anunciado o 44.º presidente dos Estados Unidos. Eleito com o brandir da bandeira da mudança, foi, efetivamente, o primeiro presidente norte-americano negro, um feito que o colocará para sempre nos livros de história. Talvez um dos poucos feitos que podem ser assumidos sem discussão ao recordar os seus oito anos na Casa Branca.

Relativamente desconhecido em Washington até às primárias democratas de 2008, o senador de Illinois conquistou a maioria e milhões de americanos, também pela sagacidade na gestão da sua imagem pública. Afinal, é dos poucos presidentes a sair de dois mandatos sem nenhum escândalo pessoal.

Na galeria acima, reunida pela Reuters, pode recordar alguns dos momentos mais marcantes dos oito anos de administração Obama.

"As avaliações dos historiadores sobre a presidência de Obama vão ser mistas"

Barack Obama assumiu, em 2009, uma economia precária com uma crise financeira grave e com taxas de desemprego que não paravam de crescer. No final do seu primeiro mandato, recorde-se, o desemprego estava nos 10%, um número histórico que deixou nos 4,7% ao sair da presidência.

A marca mais profunda de Obama terá sido, no entanto, a democratização do acesso aos cuidados básicos de saúde a milhões de americanos que não podiam usufruir desse serviço privado – o Affordable Care Act, mais conhecido como Obamacare (que Trump se propôs a revogar na totalidade, por enquanto sem sucesso).

A nível de política externa, foi também durante a vigência de Obama que foi anunciada a morte de Bin Laden, o acordo nuclear com o Irão e até a visita histórica de três dias a Cuba (a primeira vez em 88 anos que um presidente dos Estados Unidos visitou Cuba). Sucessos internacionais que empalidecem quando referido o Médio Oriente e as consequências das políticas do governo que o antecedeu, nomeadamente no dramático caso do autoproclamado Estado Islâmico.

“As avaliações dos historiadores sobre a presidência de Obama vão ser mistas. Enquanto será louvado por ter tirado a Nação do precipício de uma catástrofe económica global (...), o uso agressivo de Obama do poder executivo perante a obstrução do congresso põe em perigo os seus maiores feitos na reconstrução dos cuidados de saúde e do setor financeiro, na reforma da imigração, proteções ambientais, políticas laborais e direitos LGBT”, indicou Laura Belmonte, diretora do departamento de história da Universidade Estadual de Oklahoma, à revista Time, no início deste ano.

A eleição de um presidente negro e o racismo

Porque é que depois de Barack Obama, um defensor de ideais de tolerância e igualdade, se seguiu Donald Trump, com um discurso bem menos ameno? A eleição de Barack Obama, um negro, para a Casa Branca é um motivo de inspiração para gerações vindouras, mas, de acordo com especialistas americanos, não foi suficiente para sarar uma ferida histórica – a do racismo. Pode, até, ter reacendido um conflito adormecido, medos esquecidos, trazendo um fôlego renovado à ala republicana, pela mão das garantias incendiárias de Trump.

“Continua a ser tentador pintar a eleição de Barack Obama como um passo no sentido de curar a grande ferida de racismo da nação”, afirmou James Grossman, diretor executivo da American Historical Association (AHA), à revista Time, no início deste ano.

“Não aconteceu. A eleição de Obama teve, ironicamente, o efeito oposto. Os opositores do Presidente questionaram a sua legitimidade desde o início. O líder do partido da oposição declarou que a principal prioridade – mais importante do que o bem público – era garantir que Obama não era reeleito. Esta determinação falhou, mas o racismo que corre tão profundo na cultura americana foi revelado como não o era há duas gerações. As ligaduras foram arrancadas das feridas, que agora estão a descoberto e a infetar a cultura pública”, continuou Grossman.

O historiador escreveu que a América não estava preparada para um presidente negro, mas que a história irá, “eventualmente, calcular os benefícios do Affordable Care Act, olhar para os resultados da abertura a Cuba, valorizar o seu reconhecidamente tardio ativismo ambiental e admitir que a sua Administração foi sem polémicas”.

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