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"Não estou triste por morrer, mas por não me poder vingar"

As palavras foram proferidas por um judeu que sobreviveu ao Holocausto.

"Não estou triste por morrer, mas por não me poder vingar"
Notícias ao Minuto

14:15 - 11/10/17 por Patrícia Martins Carvalho

Mundo Documento

Marcel Nadjari era um comerciante grego e judeu que foi deportado para Auschwitz em 1944, um ano antes da Segunda Guerra Mundial ter chegado ao fim.

O homem, à data com 27 anos, fazia parte da equipa Sonderkommando (comando especial) que tinha como função retirar das câmaras de gás os cadáveres de todos os que ali eram assassinados.

Marcel sobreviveu à guerra, regressou à sua terra natal onde escreveu as suas memórias, mas acabou por ir viver para os Estados Unidos onde trabalhou como alfaiate até morrer.

Nas suas memórias garantiu que o que o entristecia “não era morrer”, mas sim não se poder “vingar”.

Na década de 80 foram encontrados vários manuscritos que haviam sido enterrados junto às câmaras de gás do campo de extermínio de Auschwitz. Um deles pertencia a Marcel.

“Todos aqui sofremos coisas que a mente humana não consegue imaginar”, escreveu Marcel, descrevendo o local onde ele e milhões de judeus se encontravam aprisionados a caminho da morte.

“Por baixo de um jardim há uma cave com dois recintos infinitamente grandes: um é usado para tirar a roupa deles, o outro é uma câmara de morte. As pessoas entram nuas e, quando o espaço está cheio com cerca de três mil pessoas, é fechado e são todos asfixiados com gás”, escreveu.

O documento, refere o Deutsche Welle, foi encontrado dentro de uma garrafa térmica envolta numa mala de couro e no mesmo lê-se que “após meia hora abríamos as portas e começávamos o trabalho”. Este “trabalho” consistia em retirar os cadáveres das câmaras de gás e levá-los para os fornos de incineração onde “um ser humano acaba reduzido a cerca de 640 gramas de cinzas”.

Apesar de ter sido descoberto nos anos 80, a par com relatos de outros sobreviventes, só agora os especialistas conseguiram decifrar todo o texto, uma vez que as condições de conservação não eram as melhores, tendo o conjunto de textos sido publicado pela primeira vez em alemão este mês pelo Instituto de História Contemporânea.

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