Meteorologia

  • 25 ABRIL 2024
Tempo
14º
MIN 13º MÁX 19º

Assembleias de voto encerram depois de dia marcado por cargas policiais

Os catalães acabaram de votar às 20:00 (19:00, em Lisboa) em assembleias de voto protegidas ao longo de todo o dia por centenas de populares, angustiados com a possibilidade da chegada de violência policial.

Assembleias de voto encerram depois de dia marcado por cargas policiais
Notícias ao Minuto

19:20 - 01/10/17 por Lusa

Mundo Catalunha

"Aqui estamos, para o caso de a polícia espanhola vir tirar as urnas, como fizeram em vários sítios", disse à agência Lusa Isard Sara, que chegou ao colégio eleitoral no centro de Barcelona às 05:00 (04:00) de domingo.

Os Serviços de Saúde da Catalunha informaram a meio da tarde que o número de pessoas feridas nos distúrbios relacionados com o referendo ascendia na altura a 91 pessoas, menos de um terço dos 337 mencionados anteriormente pelo governo regional.

A polícia de intervenção espanhola tentou encerrar da parte da manhã alguns centros eleitorais numa ação que teve momentos muito violentos, que passaram nas televisões de todo o mundo.

"Aqui ainda não vieram, mas nunca se sabe", disse Maria Dolores, acrescentando que a polícia tinha "ultrapassado tudo o que seria admissível" e mesmo "maltratado crianças".

Desde as 05:00 (04:00, em Lisboa) que centenas de pessoas começaram a chegar aos locais previstos para o referendo para os proteger da polícia que tinha instruções para impedir a votação a partir das 9:00 (08:00).

As forças de ordem acabaram, na maior parte dos locais visitados pela Lusa, por não aparecer e quando isso aconteceu limitaram-se a verificar a situação, sem entrar nas assembleias de voto.

"Conseguimos votar mesmo com a repressão de Madrid", disse Albert Mauri junto do local de voto, considerando o ato eleitoral como "um enorme sucesso".

Filas compactas e de várias dezenas de metros eram visíveis nas mesas de voto um pouco por toda a cidade de Barcelona, com muitos votantes a ficar nas ruas adjacentes, para o caso de a polícia aparecer.

"Queremos ser independentes de Espanha, que nunca respeitou a nossa língua e cultura e continua a reprimir-nos, como no tempo do Franco", disse Ricard Coll à Lusa, no meio de uma fila, à espera da sua vez para votar, aludindo ao ditador que comandou o país, desde o final da Guerra Civil, em 1939, até à sua morte, em 1975.

Numa outra fila em frente de outra escola, Merce Palau criticava os que são contra a independência e decidiram não vir votar, acusando-os de terem "vergonha de dizer que votam não".

O referendo foi convocado pelo Governo catalão, apoiado por uma maioria de partidos separatistas, tendo os movimentos nacionalistas decidido boicotar a consulta popular que o Estado espanhol considera ilegal.

"Não estou de acordo com o referendo, nem com a forma como foi convocado", disse à Lusa Antoni Perez, numa rua de Barcelona longe de qualquer assembleia de voto, acrescentando que "os separatistas estão a manipular as pessoas" e "irão apresentar a consulta como uma grande vitória, mas foram os únicos a votar".

Não muito longe, Ana Concha também não ia votar e via a situação "muito mal": "As duas partes deviam ter dialogado mais para tentar chegar a um acordo", defendeu.

Muitos cravos de todas as cores foram hoje distribuídos em várias assembleias de voto para simbolizar a "liberdade pretendida", à semelhança da que os portugueses conquistaram no "25 de Abril" de 1974, na "Revolução dos Cravos".

"Queremos ser como os portugueses e alcançar a nossa liberdade. Estamos fartos dos espanhóis a sacar o que é nosso", disse Eulàlia Vilalta antes de se dirigir à mesa onde iria votar uns minutos depois.

Na fila compacta de algumas dezenas de metros que se formava do lado de fora da assembleia de voto eram várias as pessoas que empunhavam cravos de todas as cores que estavam a ser distribuídos.

O Tribunal Constitucional espanhol suspendeu, no início de setembro, como medida cautelar, todas as leis regionais aprovadas pelo Parlamento e pelo Governo da Catalunha que davam cobertura legal ao referendo de autodeterminação convocado para hoje.

Os partidos separatistas têm uma maioria de deputados no parlamento regional da Catalunha desde setembro de 2015, o que lhes deu a força necessária, em 2016, para declararem que iriam organizar este ano um referendo sobre a independência, mesmo sem o acordo de Madrid.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório