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Iraque decide retaliar e suspende voos internacionais de e para Erbil

Medida entra em vigor amanhã e surge como retaliação contra o referendo não vinculativo pela independência do Curdistão iraquiano, realizado na passada segunda-feira. Cerca de 93% dos curdos iraquianos querem um estado independente e a pressão sobre Bagdad será cada vez maior.

Iraque decide retaliar e suspende voos internacionais de e para Erbil
Notícias ao Minuto

11:13 - 28/09/17 por Pedro Bastos Reis

Mundo Curdistão

A tensão à volta do referendo sobre a independência no Curdistão continua a subir de tom e esta quinta-feira o governo iraquiano decidiu suspender todos os voos internacionais de e para Erbil, medida que entra em vigor amanhã.

O governo do Iraque já tinha prometido tomar medidas relativamente ao referendo da passada segunda-feira, e estas tornaram-se realidade esta quinta-feira, precipitadas pela divulgação dos resultados finais na quarta-feira.

“Todos os voos internacionais sem exceção, de e para Erbil, vão ser suspensos a partir das 18h00 [15h00 em Lisboa] de sexta-feira, na sequência da decisão tomado pelo gabinete do primeiro-ministro do Iraque, Haider al-Abadi”, afirmou Talar Faiq Salith, diretora do aeroporto, citada pelo The Independent.

Nesse sentido, companhias aéreas como a Qatar Airways, a EgyptAir ou a Lebanon´s Middle East Airlines já começaram a notificar os passageiros que de que os seus voos, a partir de amanhã, podem ser cancelados, sendo incerto quanto tempo poderá durar a suspensão.

93% dos curdos votaram pela independência

A reivindicação de um estado independente para o povo curdo é um desejo antigo, que remonta ao final da Primeira Guerra Mundial.

Com o fim do Império Otomano e com o redesenhar das fronteiras no Médio Oriente, foi negado um estado independente para o Curdistão. Atualmente, cerca de 30 milhões de curdos estão espalhados por quatro países: Iraque, Irão, Síria e Turquia.

Quando Massoud Barzani, presidente do Curdistão iraquiano, decidiu avançar com o referendo pela independência, as ameaças surgiram de imediato, nomeadamente do Iraque e da Turquia, que receiam que as fronteiras sejam redesenhadas. Para além disso, várias zonas do Curdistão, nomeadamente do Iraque, são ricas em petróleo, daí o receio que saiam da alçada de Bagdad, isto apesar da autonomia da região.

Apesar de considerado ilegal por Bagdad, o referendo não vinculativo avançou e, segundo os dados provisórios divulgados, houve uma afluência às urnas superior a 70% e cerca de 93% dos curdos votaram a favor da independência. Convém, contudo, realçar que, por não ser vinculativo, o referendo não levará automaticamente à independência formal, mas está carregado de um imenso valor simbólico para as aspirações curdas e reforça a posição para futuras negociações com Bagdad. Turquia e Irão assistem com impaciência, temendo que o fenómeno ultrapasse fronteiras.

Indefinição relativamente a Suleimanyah

Depois das ameaças, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, passou à prática e começou a impor medidas duras contra o Curdistão iraquiano.

Resta a dúvida sobre se a suspensão de voos aplicada a Erbil se estenderá ou não ao aeroporto da cidade de Suleimanyah, a segunda maior da região.

As autoridades curdas já alertaram para o impacto da medida, que não afetará apenas o povo curdo, uma vez que os aeroportos são utilizados por imensa gente, de diversas nacionalidades.

Há ainda duas questões que geram enorme preocupação: a utilização do aeroporto de Suleimanyah por refugiados, que procuram fugir de cenários de conflito, e por membros das Nações Unidas, que o utilizam para fazer chegar ajuda humanitária aos mais necessitados.

O ministro dos Transportes do Curdistão iraquiano, Mowlud Murad, chama ainda a atenção para a importância estratégica dos aeroportos de Erbil e Suleimanyah, fundamentais para a economia da região e para as ofensivas dirigidas contra o autodesignado Estado Islâmico.

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