A agência europeia para os direitos fundamentais (FRA, Fundamental Rights Agency) inquiriu 10.527 pessoas, em 2016, que se disseram de confissão muçulmana e que residiam em 15 países da União Europeia, estudo cujas conclusões foram divulgadas hoje em Viena.
O inquérito foi feito tanto a imigrantes como a filhos de imigrantes já nascidos na UE, residentes na Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Dinamarca, Eslovénia, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Itália, Malta, Reino Unido e Suécia.
"A grande maioria dos muçulmanos na UE tem um sentido elevado de confiança nas instituições democráticas, apesar de sofrer discriminação e assédio generalizado", afirma a agência em comunicado.
Segundo o estudo, 76% dos inquiridos dizem-se "fortemente ligados" ao país em que vivem.
Numa escala de 1 a 5, essa ligação é mais elevada entre os muçulmanos residentes na Finlândia, Suécia, Reino Unido, França e Bélgica e mais fraca em Itália, Áustria e Grécia.
Em dois países, França e Holanda, a ligação ao país dos filhos de imigrantes é mais fraca que a dos pais.
Quanto à confiança nas instituições democráticas, como o sistema judicial, a polícia ou o parlamento, os muçulmanos registam valores em média mais elevados que o resto da população.
Estes resultados "descredibilizam completamente a afirmação de que os muçulmanos não estão integrados nas nossas sociedades", afirma no relatório do diretor da FRA, Michael O'Flaherty.
Questionados sobre a visão que têm de algumas das diferenças culturais habitualmente apontadas, quase metade (48%) dos muçulmanos responde estar "completamente à vontade" com a ideia de alguém da sua família se casar com alguém de outra religião.
Em contrapartida, um terço dos não-muçulmanos afirma que não gostaria que um filho ou filha tivesse uma relação amorosa com um muçulmano.
Outra vertente do inquérito avalia a discriminação, concluindo que quatro em cada dez muçulmanos (39%) dizem ter-se sentido discriminados nos últimos cinco anos devido à sua origem ou religião, sobretudo na procura de casa e de emprego.
Quatro em cada dez (39%) mulheres que usam véu islâmico dizem ter sido alvo de "gestos ou olhares" ofensivos.
Mais de um quarto (27%) dos muçulmanos interrogados diz que a discriminação assumiu a forma de "assédio", mas menos de 10% dos que o disseram apresentou queixa ou denunciou os factos.
As queixas de discriminação são em maior número entre muçulmanos do Norte de África a residir na Holanda (49%), Itália (33%) e França (31%). Na Alemanha, 18% dos turcos interrogados disseram sentir-se discriminados no ano anterior.
Cerca de 20 milhões de europeus são muçulmanos, representando uns 4% da população total da UE.
A agência considera baixa a aceitação dos muçulmanos pela restante população europeia, com uma em cada cinco pessoas, em média, a afirmar que não gostaria de ter vizinhos de fé islâmica.
A aceitação é mais baixa em Chipre, com 36% da população a manifestar aquela postura, seguido da Áustria e de Malta, ambos com 31%.
No extremo oposto surgem França (7%), Reino Unido (12%), Espanha e Dinamarca, ambas com 13%.