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ONG denuncia maus-tratos de migrantes na Líbia e "cumplicidade" da UE

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou hoje os maus-tratos infligidos aos migrantes que tentam atravessar o Mediterrâneo a partir da Líbia e lançou duras críticas à política migratória europeia, que acusa de "alimentar um sistema criminoso".

ONG denuncia maus-tratos de migrantes na Líbia e "cumplicidade" da UE
Notícias ao Minuto

14:28 - 07/09/17 por Lusa

Mundo Migrações

As críticas da organização não-governamental (ONG) de ajuda humanitária constam numa carta aberta aos governos dos países-membros da União Europeia (UE) que foi divulgada hoje.

"Orientado pela única ambição de manter estas pessoas fora da Europa, o financiamento europeu procura impedir que as embarcações deixem as águas líbias, mas ao mesmo tempo esta política alimenta um sistema criminoso", acusou a presidente da MSF International, Joanne Liu, na missiva.

"Os líderes europeus são cúmplices e queremos as suas respostas", insistiu a representante, desta vez durante uma conferência de imprensa realizada hoje em Bruxelas.

Joanne Liu, que visitou os "centros oficiais de detenção" na Líbia (locais para onde os migrantes são transportados depois de terem sido intercetados pela guarda costeira líbia), relatou condições que qualificou como horrendas, nomeadamente instalações sobrelotadas, sujas e sem ventilação.

"As pessoas são simplesmente tratadas como mercadorias prontas para serem exploradas", afirmou a responsável, mencionando casos de violações e humilhações.

Os governos europeus não devem, segundo Joanne Liu, congratular-se com o decréscimo das travessias do Mediterrâneo registado nas últimas semanas.

"Sabendo o que está acontecer na Líbia, tal 'sucesso' é uma prova, na melhor das hipóteses, de uma hipocrisia, e na pior das hipóteses, de uma cumplicidade cínica", declarou Joanne Liu, salientando que os migrantes, encarados como mercadorias, ficam à mercê dos traficantes.

"Nos seus esforços para conter o fluxo, os governos europeus estarão prontos para assumir o preço da violação, da tortura e escravatura", frisou a presidente da MSF International.

Em declarações aos jornalistas na capital belga, Joanne Liu apelou ainda ao fim do envio de migrantes para "um país de pesadelo", numa referência à situação crítica vivida atualmente na Líbia.

No início de setembro, a MSF já tinha denunciado as detenções arbitrárias de requerentes de asilo e refugiados na Líbia em centros onde são submetidos a maus tratos e mantidos em condições desumanas.

Na altura, a MSF -- que há mais de um ano oferece cuidados médicos a pessoas retidas em sete centros de detenção em Tripoli -, indicou que as condições em que estas pessoas se encontram "não são nem humanas nem dignas".

"As pessoas detidas são despidas de qualquer dignidade humana, sofrem maus tratos e não têm acesso a cuidados médicos", disse então o médico Sibylle Sang, consultor da MSF.

Segundo a Organização Internacional para as Migrações, só neste ano, mais de cem mil pessoas já se fizeram ao mar, a partir da Líbia, em direção à Europa, das quais 2.300 morreram.

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