Xerife quer andar a ver de mandados entre quem procurou abrigo de furacão
Planos foram anunciados no Twitter e críticas têm-se sucedido.
© Facebook/Polk County Sheriff's Office
Mundo Florida
O furacão Irma, que poderá ser das piores tempestades registadas no Oceano Atlântico nas últimas décadas, já fez estragos e vítimas mortais nas Caraíbas. O estado da Florida, nos Estados Unidos, prepara-se para o embate do furacão Irma, que se prevê violento.
Grady Judd, xerife do condado de Polk, na Florida, publicou uma série de tweets onde deu conta da sua intenção de andar a deter pessoas para as quais haja mandados de detenção que tenham procurado abrigo do furacão.
“Se foram para um abrigo por causa do [furacão] Irma e têm um mandado de detenção em vosso nome, vamos escoltar-vos alegremente para umas instalações seguras chamadas estabelecimento prisional do condado de Polk”, escreveu.
Eis o tweet que deu início à polémica:
If you go to a shelter for #Irma and you have a warrant, we'll gladly escort you to the safe and secure shelter called the Polk County Jail https://t.co/Qj5GX9XQBi
— Polk County Sheriff (@PolkCoSheriff) September 6, 2017
Posteriormente, uma porta-voz veio acrescentar que o plano da polícia é que as pessoas se entreguem voluntariamente ao procurarem abrigo. As declarações do xerife, no entanto, não escaparam a um coro de críticas e de dúvidas sobre a eficácia dos planos, como dá conta o New York Times.
Em casos de fenómenos da natureza desta envergadura, é habitual as autoridades pedirem às pessoas que se concentrem em abrigos. Isto diminui os casos de pessoas isoladas nas suas casas, que poderiam precisar depois de assistência das autoridades, muitas vezes em situações de maior risco.
Uma organização não lucrativa local sobre direitos civis, a American Civil Liberties Union of Florida, realçou que a maior parte dos mandados de detenção existentes são para crimes menores. Em declarações ao Orlando Sentinel, criticaram o xerife por passar a mensagem de que estas pessoas “têm de escolher entre enfrentar um furacão sem ajuda e abrigo ou ir para a cadeia por coisas como multas de trânsito que não foram pagas”.
Após as primeiras críticas, o xerife defendeu-se argumentando que seriam só cumpridos mandados de detenção de “predadores sexuais”, porque não se pode ter crianças no mesmo espaço.
We cannot and we will not have innocent children in a shelter with sexual offenders & predators. Period. https://t.co/DlhqjqFrkM
— Polk County Sheriff (@PolkCoSheriff) September 6, 2017
Nas redes sociais, porém, as críticas mantém-se. Há quem acuse o xerife de estar mais preocupado com documentos de identificação de vítimas do furacão e detenções do que em proteger pessoas de um furacão que será de dimensão maior do que o recente furacão Harvey.
Há também quem questione como será se alguém que tenha pessoas vulneráveis a seu cargo (por exemplo um idoso ou uma criança) preferir não correr o risco de ser detido, colocando outras pessoas mais incapacitadas em perigo. E há ainda quem pergunte como tal será feito, já que é incomum recusar-se a entrada de alguém num abrigo por não ter um documento de identificação, perante uma catástrofe natural. Finalmente, há quem pergunte como é que o plano de deter pessoas procuradas pode ser eficaz quando o próprio xerife anunciou as intenções da polícia.
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