A acusação foi feita pelo principal conselheiro para a área da segurança do governo da Birmânia (atualmente Myanmar), Thaung Tun, que afirmou igualmente que as forças armadas birmanesas têm usado a máxima contenção nas operações que visam travar as ações dos insurgentes.
Numa conferência de imprensa realizada na capital birmanesa, Naypyitaw, o conselheiro reagiu às acusações de que o exército e a polícia têm disparado de forma indiscriminada sobre civis e que têm destruído aldeias da minoria 'rohingya' (minoria muçulmana existente na Birmânia) após os ataques a 30 esquadras da polícia no estado de Rakhine (oeste).
Thaung Tun declarou que as forças de segurança estão a fazer todos os esforços para evitar prejudicar civis inocentes.
Um grupo autodenominado Exército de Salvação do Estado Rohingya (Arakan Rohingya Salvation Army, ARSA) reivindicou a autoria dos ataques.
As forças armadas dizem que centenas de pessoas perderam a vida em confrontos ocorridos após os ataques. Mais de 125 mil muçulmanos da minoria 'rohingya' fugiram entretanto para o "vizinho" Bangladesh por causa da vaga de violência.
Na sequência dos últimos acontecimentos, a líder de facto do governo birmanês, Aung San Suu Kyi, criticou hoje o "icebergue de desinformação" em torno da crise dos muçulmanos 'rohingya'.
Sob forte pressão internacional, foi a primeira vez que a líder birmanesa falou sobre esta nova vaga de violência.
"Este tipo de informação falsa é apenas a ponta de um enorme icebergue de desinformação", declarou a prémio Nobel da Paz (1991), referindo-se às fotos divulgadas sobre a atual crise.
Suu Kyi assegurou que "protegerá" os direitos de "todas as pessoas" do país e garantiu que não irá permitir o terrorismo.
Pelo menos 414 pessoas morreram nas últimas duas semanas durante esta nova onda de violência sectária no oeste da Birmânia, uma região declarada "zona de operações" pelo exército.
A minoria 'rohingya', composta por cerca de um milhão de pessoas, continua ainda a ser considerada como uma comunidade de imigrantes ilegais do "vizinho" Bangladesh, apesar de alguns viverem na Birmânia há várias gerações.
Muitos deles vivem em acampamentos na região oeste do país, depois dos incidentes intercomunitários de grande violência ocorridos em 2012, que causaram pelo menos 160 mortos e deixou 120 mil 'rohingya' confinados a 67 campos de deslocados.
As autoridades birmanesas não reconhecem a cidadania aos 'rohingya' e impõem-lhes múltiplas restrições, incluindo a privação de movimentos.