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O fotógrafo brasileiro que virou 'herói' e que nunca existiu

Esta é a bizarra história de Eduardo Martins, um fotógrafo ‘herói’ que viu trabalhos seus publicados em meios internacionais… e que na verdade nunca existiu.

O fotógrafo brasileiro que virou 'herói' e que nunca existiu
Notícias ao Minuto

14:18 - 04/09/17 por Pedro Filipe Pina

Mundo Fraude

A história era de sonho: um jovem surfista brasileiro, de 32 anos, bem parecido, que viajou para países em guerra, após ter vencido um cancro aos 25 anos, com o objetivo de ajudar. Andava agora pelo mundo, em ajuda humanitária, a surfar e a dar conta das dificuldades em zonas como a Síria, o Iraque ou a Faixa de Gaza.

O nome deste ‘herói’ dos tempos modernos era Eduardo Martins. Mas a história de sonho virou pesadelo para alguns meios de comunicação internacionais: Eduardo Martins nunca existiu.

A  Vice, a Al Jazeera e a BBC Brasil são alguns dos meios que foram enganados pela história e pelas imagens de Eduardo Martins. Mas não foram de todo os únicos.

Mais de 120 mil pessoas seguiam Eduardo Martins no Instagram. No site da BBC Brasil lê-se no primeiro parágrafo sobre a invulgar história: “A BBC Brasil começou a investigar o caso há um mês e, pouco a pouco, os elementos de uma história construída por dois anos começaram a ruir. Diante das suspeitas e do risco de violação de direitos autorais, o conteúdo original foi retirado do ar. Pedimos desculpas a nossos leitores pelo engano. O caso servirá para reforçar nossos procedimentos de verificação”.

O fotógrafo brasileiro Fernando Costa Netto fez a revelação no seu site com um artigo intitulado ‘Eduardo Martins morreu’. Nesse artigo para o portal Waves, o jornalista explicava que conhecia há já um ano Eduardo Martins, tendo falado com ele várias pelo WhatsApp, o mesmo meio que Eduardo Martins usava para falar com diferentes meios de comunicação social.

A dada altura, porém, foram surgindo rumores cada vez mais consistentes, que acabaram por confirmar a suspeita: em causa estava um perfil falso.

'Edu', como também era tratado, era supostamente natural de São Paulo e estaria a viver em Beit Hanoun, um campo situado a norte da Faixa de Gaza. Estaria por lá até a ajudar crianças palestinianas a aprender a surfar.

Conta ainda a BBC Brasil que, no seu caso, as desconfianças chegaram há cerca de um mês quando uma jornalista falou com Eduardo Martins (ou com quem se fazia passar por este fictício Eduardo Martins). “As desconfianças aumentaram quando, no Iraque real, palco das cenas de guerra que Eduardo afirmava retratar, jornalistas brasileiros deram conta de que ele não era conhecido ali”. Também no Quénia, onde a dada altura surgia numa fotografia ao lado de crianças num centro, nunca ninguém o tinha visto.

Eduardo, percebeu-se, nunca tinha estado no terreno. Pior: nunca tinha sequer existido para além dos perfis que criou em redes sociais. E a mesma BBC Brasil adianta que algumas das suas imagens que se popularizaram terão sido fruto de um trabalho de edição, feito a partir de fotografias de Daniel C. Britt, um fotógrafo norte-americano. Mas este suposto Eduardo Martins terá usado também trabalhos de outros fotógrafos, alterando-os, o que dificultava o ser descoberto.

A história de sonho tornou-se agora um caso de polícia. A conta de Instagram de Eduardo Martins, a tal que tinha mais de 120 mil seguidores, foi encerrada. Falta, porém, descobrir quem é que surge nas imagens no papel de Eduardo Martins. E, naturalmente, quem é o responsável por esta mentira que durante um ano fascinou redes sociais e enganou órgãos de informação.

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