Lúcia esteve 16 anos encarcerada. Agora tem cama e um espelho (que adora)
Uma história dramática de abusos, de desespero mas também de resiliência. Mulher que passou 16 anos presa num quarto sem condições tem agora um novo lar.
© Polícia Civil
Mundo Brasil
Maria Lúcia de Almeida Braga foi libertada em março deste ano, aos 36 anos de idade, depois de ter passado 16 anos dentro de um quarto sem casa de banho e sem cama, apenas com uma rede, onde dormia. A brasileira, apelidada de Lucinha, foi fechada pela família naquele compartimento sem luz pela família, na sua casa, no interior do Ceará.
Lucinha tinha apenas 50 quilos de peso quando foi encontrada nua e sem conseguir falar, num lugar com um cheiro fétido a urina e fezes. Agora, de acordo com a Folha de São Paulo, que a entrevistou, engordou e começou a refazer a sua vida.
A família de Maria Lúcia decidiu encarcerá-la depois desta engravidar, aos 20 anos, de um desconhecido. O pai e o irmão decidiram fechá-la no compartimento, que estava escondido o suficiente (e com a janela sempre fechada) para impedir que os vizinhos ouvissem os seus gritos. Deu à luz naquele lugar e o filho foi dado para adoção.
Pablo, o seu filho, é agora adolescente e está entregue a outra família mas visita regularmente a mãe biológica. “Ele chama-a de mãe e pede-lhe a benção”, indica ao jornal brasileiro Maria de Fátima Araújo, de 57 anos, a vizinha que acolheu Lucinha e que se tornou sua encarregada legal. A mulher foi diagnostica de com esquizofrenia, condição que se terá agravado com a sua prisão.
A Folha relata que, agora que está livre, Lucinha gosta de ser ver ao espelho – embora não goste da sua imagem – pois não teve acesso a um durante 16 anos. Gosta também de pintar as unhas, de comer pão na casa da vizinha e de desenhar flores.
Após 16 anos no cativeiro, Lucinha agora tem cama, espelho e 'nova mãe' https://t.co/5Cy6UKLiIn pic.twitter.com/leXqEYDwvX
— Folha de S.Paulo (@folha) 3 de setembro de 2017
A sua comida preferida é massa com carne, que por vezes ainda come com as mãos, pois nunca teve talheres durante o seu cativeiro. Outra das suas dificuldades é, ainda, usar a casa de banho, pois passou mais de uma década urinar e defecar no chão. Também já tem uma cama, mas ainda prefere a rede.
A vizinha que a acolheu é agora encarregada de a alimentar e de lhe dar os medicamentos. Diz que já dorme muito melhor e que vai recuperando aos poucos da provação por que passou durante 16 anos.
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