Ministra da Defesa do Japão demite-se após ocultação de dados
A ministra da Defesa do Japão, Tomomi Inada, demitiu-se hoje do seu cargo, após um escândalo de ocultação de dados sobre a missão das tropas japonesas no Sudão do Sul.
© Reuters
Mundo Escândalo
O primeiro-ministro, Shinzo Abe, aceitou a sua demissão e colocou à frente da pasta o titular dos Negócios Estrangeiros, Fumio Kishida, até 03 de agosto, quando o chefe do Governo prevê anunciar uma reforma do seu gabinete para combater a queda de popularidade.
Inada, considerada uma figura muito próxima de Abe devido à sua visão conservadora, disse que se demitiu porque se sentiu "responsável" pelo escândalo, apesar de um comité ter determinado hoje que a ministra não teve qualquer papel no caso.
Inada, de 58 anos, considerou, no entanto, que o caso é "muito lamentável" e que o "Ministério da Defesa e as Forças Armadas de Auto Defesa (exército) devem refletir" sobre o assunto, segundo declarações citadas pelos 'media' locais.
Abe, por seu lao, pediu perdão ao povo japonês e assegurou que está a procurar um substituto adequado para o cargo.
Um dos candidatos com mais possibilidades de o conseguir é Itsunori Onodera, que já foi ministro da Defesa entre 2012 e 2014, segundo disseram à agência Kyodo fontes do Governo e do Partido Liberal Democrata.
O escândalo sobre a ocultação de dados começou em dezembro, quando o Ministério assegurou que tinham sido destruídos os registos sobre a participação das tropas japonesas na missão de paz da ONU no Sudão do Sul, país de onde se retiraram em maio.
Estes registos, que não foram destruídos, revelam várias situações de tensão vividas pelas Forças de Auto Defesa perante a deterioração da segurança no país africano.
Acredita-se que o Governo ocultou voluntariamente os dados para que não prejudicassem uma alteração legislativa que entrou em vigor no ano passado e que permite às tropas japonesas recorrer a armas numa missão no exterior pela primeira vez desde a II Guerra Mundial.
Esta reforma, destinada a aumentar o peso internacional das forças japonesas, implicou a alteração mais importante em matéria militar no Japão em mais de 60 anos, e dividiu a sociedade, já que para muitos japoneses a medida violava o caráter pacifista da Constituição nacional.
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