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UNITA diz que balanço de 42 anos de MPLA se faz a 23 de agosto

O cabeça-de-lista da UNITA às eleições angolanas avisou hoje que, a 23 de agosto, será feito o balanço de 42 anos de governação do MPLA em Angola, denunciando uma tentativa de "mudança cosmética", no partido no poder.

UNITA diz que balanço de 42 anos de MPLA se faz a 23 de agosto
Notícias ao Minuto

19:24 - 22/07/17 por Lusa

Mundo Angola

O presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Isaías Samakuva, discursava em Cacuaco, arredores de Luanda, num comício que juntou milhares de pessoas para assinalar a abertura da campanha eleitoral - oficialmente decorre de 23 de julho a 21 de agosto - do maior partido da oposição.

"Quem dirigiu o país há 42 anos e não consegue sequer dar-nos água potável, este ainda vai ser escolhido outra vez", questionou Samakuva, perante os apupos dos apoiantes à governação do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder desde 1975.

"Eu estou-vos a pedir que este momento das eleições seja o momento do balanço. Temos de fazer o balanço, eles prometeram-nos um milhão de casas, vocês viram? Prometeram água para todos. Viram? Eletricidade nas vossas casas. Viram? Medicamentos nos hospitais", enfatizou Samakuva, candidato a Presidente da República, por eleição indireta, nestas eleições.

O partido arrancou a campanha eleitoral ao ataque à candidatura do MPLA, liderada por João Lourenço, para umas eleições às quais já não concorre José Eduardo dos Santos, no poder desde 1977.

"Eles estiveram sempre juntos. Esse companheiro vai-nos ajudar? Eles apreenderam a mesma coisa, não é verdade? A escola deles é a mesma, vai-nos ajudar como?", questionou Isaías Samakuva, acusando Lourenço de ser alguém que "esteve sempre ao lado" do líder do MPLA.

"Não vale a pena vir com mentiras, nós vamos fazer exatamente o contrário, estamos a explicar o que vamos fazer e somos reféns da nossa palavra. Sabemos que o país pode", garantiu, insistindo: "A mudança verdadeira vem com a UNITA, não pode ser uma mudança cosmética".

A UNITA defende que há condições para elevar o salário mínimo nacional em Angola, o segundo maior produtor de petróleo em África, para 500 dólares, equivalente a 83.000 kwanzas (430 euros) e quatro vezes mais face ao atual, prometendo ainda que as obras públicas serão entregues a nacionais, para dinamizar a economia, e uma aposta na formação profissional, para "dar um emprego" anos angolanos, entre outras medidas.

Ao longo de 70 minutos de discurso, sempre com críticas à governação do MPLA e promessas eleitorais, o candidato da UNITA afirmou que há hoje pessoas a morrer nos hospitais públicos, por não terem dinheiro para comprar medicamentos, concluindo que o acesso à saúde não é gratuito.

"No governo da UNITA o medicamento é grátis, a saúde é grátis mesmo. Não é dizer que é gratuito e depois as pessoas têm que pagar gasosas [aos funcionários e médicos, para serem tratados]. Aliás, quem for apanhado a pedir gasosa vai ser levado aos tribunais e corre o risco de ir para a cadeia", sublinhou, perante o aplauso de milhares de apoiantes.

Com a candidatura de João Lourenço na mira, Samakuva criticou as opções do adversário eleitoral: "Eu ouvi também o candidato dos 'outros', ali numa praça, a falar para os feirantes, a dizer 'eu vou vos garantir que vão continuar a vender aqui'. O nosso povo não precisa de quem lhe dê garantia de que vão continuar a vender no mercado, precisa de quem lhe tira no mercado para lhe dar um emprego contínuo", afirmou.

Perante apelos constantes a que "a altura de mudar é agora", o candidato da UNITA não deixou de ironizar com as obras públicas em curso, em vários pontos do país, nomeadamente nas acessibilidades em Luanda, lançadas nas últimas semanas.

"E estes dias então, por causa das eleições que estão a vir, estamos a ver máquinas por todo o lado. Mas então as máquinas estirem onde, todo o tempo?", questionou.

A UNITA insiste num programa de governação para dois mandatos, a dez anos, e recusa a ideia de "revanchismo" ou despedimentos, em caso de vitória nas eleições gerais de 23 de agosto, prometendo um "governo aberto".

"Não estão só os da UNITA, que ganham as eleições. Nós vamos buscar os melhores filhos do país, aqueles que são competentes, aqueles que se dedicam ao serviço do povo", enfatizou Samakuva.

Na presidência da UNITA desde 2003, após a morte em combate Jonas Savimbi, Isaías Samakuva já liderou a lista do partido nas eleições anteriores, de 2008 e 2012.

"O dia 23 de agosto está a aproximar-se. Faltam só 31 dias. Significa que o nosso sofrimento pode ter os dias contados, pode ter só 31 dias", rematou.

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