Partidos surpreendidos com ausência de Juan Carlos de cerimónia oficial
A maior parte dos partidos políticos espanhóis manifestou a sua surpresa pela ausência, na quarta-feira, do rei Juan Carlos na cerimónia oficial de homenagem ao 40.º aniversário das primeiras eleições democráticas em Espanha.
© Reuters
Mundo Espanha
O pai do atual rei Felipe VI é considerado uma figura central no processo de transição democrática espanhol que inclui a realização, em 15 de junho de 1977, das primeiras eleições em liberdade.
As críticas vieram inclusivamente do Partido Popular (PP, de direita), com o seu porta-voz no Congresso dos Deputados (parlamento), Rafael Hernando, a considerar que o monarca "deveria ter estado fisicamente" e que "ninguém entende" a sua ausência.
O líder da coligação de extrema-esquerda Unidos Podemos, Pablo Iglesias, também manifestou a sua incompreensão pela ausência de Juan Carlos: "Com todas as pessoas que estiveram aqui e tratando-se de alguém que ainda está vivo, teria tido todo o sentido do mundo" a sua participação na homenagem, disse.
O ex-líder do parlamento e atual presidente da Comissão Constitucional, Jesús Posada (PP), admitiu que teria gostado da presença do pai do atual rei na quarta-feira, porque ele foi "o artífice da transição" e o país não estaria a comemorar a data se Juan Carlos não tivesse defendido o processo democrático.
A nova porta-voz do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) no parlamento, Margarita Robles, afirmou que respeitava a decisão da Casa Real e a ausência de Juan Carlos e sublinhou que o importante foi a homenagem feita aos que permitiram a transição democrática.
Por seu lado, o presidente do partido liberal Cidadãos, Albert Rivera, numa entrevista a uma estação de rádio também manifestou a sua incompreensão pela ausência de Juan Carlos e considerou que a sua presença teria sido apropriada.
Depois da morte do ditador Francisco Franco em 1975, o pai de Felipe VI conseguiu realizar a transição pacífica do regime franquista para a democracia parlamentar, gerando o consenso entre os diversos partidos políticos e com uma grande popularidade entre os espanhóis.
No entanto, uma série de incidentes durante o seu reinado levaram a que dois terços dos espanhóis desejassem que o rei Juan Carlos abdicasse do trono, o que aconteceu em junho de 2014.
Os espanhóis não perdoaram o último escândalo de Juan Carlos que, no meio de uma situação económica difícil, em 2012, fez uma viagem a África para caçar elefantes, sendo ele próprio presidente de honra da organização ambiental Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês).
A partir de 15 de junho de 1977 começou o processo de construção do atual sistema democrático, com a redação de uma nova constituição que a 06 de dezembro de 1978 foi aprovada em referendo.
A União do Centro Democrático (UCD), uma coligação de democratas-cristãos, liberais e reformadores vindos do franquismo, liderados pelo então primeiro-ministro, Adolfo Suárez, ganhou as eleições de 1977 com 34,4% dos votos e 165 deputados, a 11 da maioria absoluta.
O PSOE de Felipe González foi a grande surpresa, com 118 lugares, içando a bandeira da esquerda em detrimento do Partido Comunista Espanhol (PCE) de Santiago Carrillo, que só conseguiu 20 deputados, quatro mais do que a Aliança Popular (AP) de Manuel Fraga.
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