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Em Bogotá, a 'Cedrizuela' é pátria emprestada de venezuelanos

Bairro residencial de classe média na região norte de Bogotá, capital da Colômbia, Cedritos concentra a presença de imigrantes venezuelanos que aí encontram um circuito de familiares ou de amigos para recomeçar a vida.

Em Bogotá, a 'Cedrizuela' é pátria emprestada de venezuelanos
Notícias ao Minuto

08:44 - 13/06/17 por Lusa

Mundo Bairro

Devido à grande presença de venezuelanos tanto nas residências como no comércio, principalmente salões de cabeleireiro e restaurantes, o bairro recebeu o apelido de "Cedrizuela".

"O bairro estava ao alcance de muitos venezuelanos que vieram para a Colômbia em diferentes ondas de migração, por ser de estrato 3 e 4 [classe média em Bogotá]", afirmou Gustavo Maggi, presidente da recém-criada associação Migrantes de Venezuela.

Damaris Puertas, 34 anos, mudou-se de Caracas a "Cedrizuela" há oito meses. "Meu esposo é hipertenso e já estava havia dois meses sem o medicamento. Foi a falta de remédio o que nos fez decidir pela mudança, mas também a delinquência, ter que viver trancado em casa. Não havia qualidade de vida", contou à Lusa.

Filha de um colombiano, Damaris não teve dificuldade de obter a nacionalidade no país. Seu pai, que nasceu em Cali e emigrou para Caracas nos anos 1980, onde constituiu família, não quer deixar a Venezuela.

O caso de Damaris não é isolado: devido ao conflito armado que afetou a Colômbia, milhões de pessoas cruzaram as fronteiras e se estabeleceram em países vizinhos. Para a Venezuela, passaram entre um milhão de colombianos, segundo estimativas do governo do país, e cinco milhões, segundo estimativas venezuelanas.

Agora, filhos dos deslocados colombianos, perante a crise na Venezuela, fazem o caminho de volta. Damaris mudou-se para Cedritos com os dos filhos, de sete e onze anos, e com o marido, que em Caracas trabalhava na indústria petrolífera. Em Bogotá, compraram um restaurante.

"Só conseguir sair a pé para comprar um remédio na farmácia da esquina, e que as crianças possam vir ao parque, já é uma grande mudança", afirmou.

A comerciante escolheu o bairro por indicação de Carmen Montoya, 50 anos, uma amiga que já vivia em Bogotá por mais de dois anos.

"Aqui escuta-se o sotaque venezuelano nas ruas", contou. O seu marido, que trabalha no ramo da informática, conseguiu trabalho na capital colombiana e a família decidiu-se pela mudança. A vida deles também mudou.

"Lá a gente tinha carro, aqui não, a gente caminha. Mas encontra-se leite e comida nos mercados e há mais qualidade de vida para as crianças", disse Carmen.

"Você sempre vai sentir falta do seu país, da sua raiz. Muitos dizem que ainda voltam para a Venezuela, mesmo que seja depois de idosos, e eu pretendo voltar um dia", completou.

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