"Temos o registo da sinalização e a consciência tranquila. Mas como também temos um grande sentido de responsabilidade, compreendemos as dificuldades de quem tem de gerir uma situação tão complicada", disse Franco Gabrielli, à margem de uma reunião de responsáveis de forças policiais europeias na ilha italiana de Lampedusa.
A Itália está numa situação "mais favorável" que países como o Reino Unido, confrontados com "inúmeras" sinalizações e suspeitos mais perigosos.
Youssef Zaghba, 22 anos, foi identificado na terça-feira com um dos autores dos ataques na Ponte de Londres e no Mercado de Borough.
Nascido e criado em Marrocos, mudou-se para Itália depois do divórcio dos pais -- um marroquino e uma italiana -, mas passava a maior parte do tempo no Reino Unido, onde tinha família e arranjou recentemente emprego para o verão num restaurante de Londres.
Em março de 2016 foi detido no aeroporto de Bolonha (centro-norte) quando pretendia viajar para a Turquia, com bilhete apenas de ida e uma mochila como bagagem, de onde planeava seguir para a Síria.
Os serviços de informações italianos informaram na altura os homólogos britânicos.
"Dizer que somos bons e os outros não é um exercício estéril, incorreto e sobretudo suscetível de a todo o momento ser negado pelos factos", disse o diretor da polícia italiana.
Quando foi detido em Bolonha, a polícia encontrou no telemóvel de Zaghba orações muçulmanas e o registo de visitas a 'sites' 'jihadistas', elementos suficientes para o incluir na lista de pessoas de risco e avisar os serviços de informações britânicos, mas não para uma acusação formal, explicou Gabrielli.
O jovem foi vigiado nos poucos dias que passou desde então em Itália, mas no Reino Unido, segundo a Scotland Yard, "não era objeto de interesse" para a polícia ou os serviços de informações.
Os atentados foram perpetrados no sábado à noite por três homens que atropelaram pessoas na Ponte de Londres e esfaquearam outras no Mercado de Borough, uma zona de diversão muito frequentada.
Oito pessoas morreram, além dos três atacantes, e 48 ficaram feridas.
Os atentados foram reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico.