Albright deu uma palestra sobre "Desafios às Democracias" nas Conferências do Estoril na qual abordou as diferentes ameaças com que o mundo se confronta, salientando a importância de, contrariamente à política seguida por Trump, aprofundar e reforçar os laços entre a Europa e os Estados Unidos.

"Nas últimas semanas nada me preocupa mais que o futuro da parceria transatlântica", disse, evocando a viagem do Presidente norte-americano à Europa para criticar que Trump não tenha afirmado o seu compromisso com o artigo V da NATO [um ataque contra um aliado é um ataque contra todos os aliados] ou a "falta de clareza", na Cimeira do G7, quanto ao Acordo de Paris sobre o Clima.

Neste aspeto, Albright frisou que ouviu "na televisão" que Donald Trump se preparava para renunciar ao Acordo de Paris e que "só pode" esperar que "a televisão esteja errada".

Para a secretária de Estado da administração de Bill Clinton, Estados Unidos e Europa "devem trabalhar juntos".

Podem ter divergências sobre acordos comerciais ou direitos de autor, mas "a segurança, a liberdade e direitos humanos não podem estar em causa".

"Seriam o melhor presente para [o Presidente russo, Vladimir] Putin", disse.

Madeleine Albright já se tinha referido a Putin para ilustrar os riscos para a segurança mundial que colocam os regimes autoritários, evocando uma "guerra híbrida" lançada por Moscovo para "criar um fosso entre os Estados Unidos e os aliados" e, a longo prazo, "destruir as instituições democráticas".

Essa guerra, explicou, assume múltiplas formas, que vão de ações militares, como na Ucrânia e Síria, à propaganda e desinformação, à repressão de forças democráticas e a medidas económicas punitivas.

"A democracia é a melhor garantia política contra o autoritarismo", disse.

"Os Estados Unidos e a Europa são líderes naturais, sobretudo por aquilo em que acreditam", frisou, citando valores como a democracia, a liberdade, os direitos humanos.

"São uma equipa extraordinária. Juntos não há nada que não possamos fazer, separados há pouco que possamos conseguir. Mas Trump não compreendeu isso", insistiu.

Madeleine Albright, 80 anos, foi a primeira mulher a chefiar a diplomacia norte-americana ao ser nomeada secretária de Estado pelo Presidente Bill Clinton (1993-2001).