Assembleia do Conselho da Europa afasta presidente após visita a Assad
A Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa anunciou hoje que decidiu retirar a confiança ao presidente, o espanhol Pedro Agramunt, na sequência de um polémico encontro em Damasco com o presidente sírio, Bashar al-Assad.
© Reuters
Mundo Pedro Agramunt
Agramunt, eleito para a presidência da Assembleia em janeiro de 2016, mantém-se, contudo, no cargo até ao final do mandato, em dezembro, porque "recusa demitir-se" e a Assembleia não tem poder para o demitir, precisa a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE) em comunicado.
A retirada da confiança implica ainda assim que Agramunt não possa invocar a qualidade de presidente da APCE em viagens oficiais ou declarações públicas, por decisão da Mesa da Assembleia, composta pelos 20 vice-presidentes e pelos presidentes dos grupos políticos e das comissões parlamentares.
"As normas e os princípios da Assembleia Parlamentar são mais importantes do que qualquer dos seus membros e a integridade da Assembleia deve ser preservada", explicou um dos vice-presidentes, o britânico Roger Gale.
É a primeira vez que a APCE retira a confiança ao presidente na longa história do Conselho da Europa, instituição em que 324 deputados de 47 países membros se reúnem quatro vezes por ano em Estrasburgo para debater a defesa dos direitos humanos, a promoção do Estado de Direito e a luta contra a corrupção.
Desde a abertura da sessão plenária da primavera, na segunda-feira, vários deputados criticaram Agramunt, alguns com termos muito fortes, por ter visitado Damasco em março, num avião fretado pelo governo da Rússia, aliada do regime sírio, e se ter deixado fotografar ao lado de Bashar al-Assad.
Numa "audição" inteiramente consagrada a esta questão, na terça-feira, o senador espanhol pediu desculpa e disse ter sido "manipulado pela imprensa russa" que noticiou o seu encontro com Assad.
Agramunt afirmou que a visita a Damasco foi na qualidade de senador espanhol, e não de presidente da APCE, como foi identificado pelos 'media' russos.
Agramunt visitou Damasco acompanhado do centrista espanhol Jordi Xucla e do liberal belga Alain Destexhe.
Os três afirmam que foram a Damasco a 20 de março para "observar a situação na Síria", em guerra há seis anos, a convite do Parlamento sírio, e que foram forçados a reunir-se com o presidente sírio.
Agramunt, Xucla e Destexhe admitiram ter cometido "erros", mas insistiram os três numa "manipulação" dos 'media' russos.
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