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A luta agora é a dois. O que podemos esperar, França?

A 7 de maio os franceses decidem o novo presidente.

A luta agora é a dois. O que podemos esperar, França?
Notícias ao Minuto

14:00 - 24/04/17 por Pedro Filipe Pina

Mundo Eleições

No espaço de duas semanas, os franceses têm um desafio em mãos: escolher um Presidente quando a União Europeia e boa parte do mundo estão atentos ao que esperar do futuro.

A primeira parte deste desafio está cumprida: os franceses foram ontem às urnas e escolheram os dois candidatos que vão à segunda volta das presidenciais. No próximo dia 7 de maio temos o derradeiro exame. E agora já só há duas opções: Emmanuel Macron e Marine Le Pen. Vamos rever o que podemos esperar da França, um país onde os resultados de ontem já deram origem a protestos e detenções.

Emmanuel Macron

Macron conseguiu 23,8% dos votos e é o vencedor desta primeira etapa. É também apontado pela generalidade das sondagens como o provável próximo presidente da França. A confirmar-se, sucederá a François Hollande com 39 anos, o que fará dele o mais novo líder da V República. E quem é Macron?

Macron era ministro da Economia de Hollande mas afastou-se dos socialistas franceses. Formou o seu movimento, o ‘En Marche’. Não terá, como tal, uma estrutura partidária tradicional do seu lado, mas esse terá sido um dos seus trunfos para esta votação.

Macron assumiu-se como não sendo “nem de esquerda nem de direita”. Ao longo da campanha foi tecendo variações sobre estes termos, defendendo que retirava o melhor da direita e da esquerda.

À esquerda, criticaram-lhe em particular o passado de banqueiro na Rothschild, associando-lhe maior proximidade à alta finança do que ao francês comum. À direita, as suas críticas à colonização da Argélia e posições progressistas como a defesa do casamento entre pessoas do mesmo sexo valeram-lhe igualmente críticas.

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A BBC dá-nos uma súmula interessante do que Macron quer fazer: a sua aposta passa por diminuir a despesa pública ao mesmo tempo que diminui impostos.

As grandes empresas podem esperar um corte nos impostos e mais facilidades para renegociar as 35 horas de trabalho semanal. O grande investimento que planeia fazer é uma aposta clara nas energias alternativas, além de propor um ‘passe cultural’ de 500 euros para jovens franceses que façam 18 anos.

Marine Le Pen

Le Pen assumiu a liderança da Frente Nacional, sucedendo ao pai, em 2011. O partido da extrema-direita francesa não é um pequeno fenómeno. Ao longo dos últimos anos tem cimentado a sua posição no seio da política e sociedade francesas. Em 2012, Marine Le Pen não foi à segunda volta (onde Hollande derrotaria Sarkozy). Este ano vai, após ter tido 21,7% dos votos (há cinco anos tinha ficado em terceiro com 17,9% dos votos).

O seu discurso contra a União Europeia, o apoio declarado de Vladimir Putin, que a recebeu no Kremlin com honras de Estado, e os elogios de Trump pelo discurso anti-imigração não passaram despercebidos ao resto do mundo, como deu nota a CNN. E o que propõe Le Pen?

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É na narrativa sobre segurança, terrorismo e imigração que Le Pen tem apostado. E o seu discurso sobre a “sobrevivência da França”, num país que viveu como poucos, a Ocidente, o drama do terrorismo, tem conquistado a atenção de uma parte dos franceses.

Le Pen quer a expulsão automática de imigrantes ilegais e limitar a migração feita de forma legal - impondo um limite de 10 mil pessoas por ano. As mesquitas que pudessem ser consideradas “extremistas” seriam encerradas de forma compulsiva, além de ser dada prioridade aos franceses na habitação social, como realça a BBC.

A idade para a reforma fixada nos 60 anos e a manutenção das 35 horas semanais de trabalho seriam outras das medidas da candidata da extrema-direta radical, que apesar de se ter visto envolvida em escândalos financeiros acabou por não ter a sua posição afetada, ao contrário de, por exemplo, François Fillon.

Os que ficaram para trás

Eram 11 os candidatos ao todo. Para o fim ficam dois. Dos que ficaram nesta fase reza ainda parte da história.

O caso mais emblemático talvez seja o de Benoit Hamon, o candidato dos socialistas franceses (a escolha feita, portanto, após Hollande, que optou por não se recandidatar). Ora Hamon teve apenas 6,5% dos votos, muito longe sequer de entrar na corrida à passagem à segunda volta. Para os socialistas europeus, depois da derrocada na Holanda, seguiu-se nova derrocada em França.

Fora da segunda volta por pouco ficaram dois candidatos com pontuações pouco acima dos 19%.

François Fillon, candidato da direita que, a dada altura, foi apontado como sério candidato à vitória, acabou por ficar em terceiro lugar. Os escândalos em que se viu envolvido, nomeadamente o que implicava empregos bem remunerados mas potencialmente fictícios que arranjou para a mulher, tiveram impacto.

Mais surpreendente foi a ascensão de Jean-Luc Mélenchon, um veterano da esquerda francesa, um antigo socialista que mereceu do Le Figaro uma associação à revolução bolivariana de Hugo Chavez. Mélenchon, curiosamente, tinha ficado atrás de Le Pen em 2012 (teve na altura 11,1% dos votos). Foi um pouco mais moderado no discurso atual, onde passou a incluir mais ecologia, como destaca a Euronews.

Dividida nesta primeira volta, a França volta às urnas só com dois nomes pela frente. A hora agora é de decisões. 

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