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Ataque terrorista é "golpe na campanha" eleitoral

O politólogo Madani Cheurfa considera que o ataque à polícia, em Paris, constitui "um golpe na campanha" que "fez passar para segundo plano" a intervenção televisiva, esta quinta-feira, dos candidatos às presidenciais em França.

Ataque terrorista é "golpe na campanha" eleitoral
Notícias ao Minuto

10:50 - 21/04/17 por Lusa

Mundo Paris

O atentado ocorreu enquanto estavam a decorrer, em direto, no canal televisivo France2, as entrevistas aos candidatos às eleições cuja primeira volta decorre este domingo.

"É um golpe na campanha que vai trazer a questão da segurança para a agenda política que tinha ficado à margem devido às polémicas que afetaram candidatos como François Fillon ou, menos diretamente, Marine Le Pen", disse à Lusa Madani Cheurfa, secretário-geral do Centro de Investigação Política de Sciences-Po (CEVIPOV) em Paris.

Madani Cheurfa explicou que o aguardado último programa televisivo com os 11 candidatos às presidenciais "foi perturbado pelo ataque" e que o tema do terrorismo regressou à agenda "em plena sequência eleitoral".

"O debate foi completamente perturbado e ultrapassado pelo ataque terrorista que o fez passar para segundo plano, não tendo sido um debate muito útil, daí a importância do debate da segunda volta, se ele acontecer", afirmou.

Questionado sobre se o ataque pode influenciar o voto dos indecisos, Madani Cheurfa sublinhou que como durante as intervenções televisivas desta quinta-feira os principais candidatos "lamentaram as vítimas e condenaram o ataque, não será isso que vai influenciar os indecisos".

Em contrapartida, o politólogo lembrou que a influência pode vir de polémicas como a provocada pela candidata da Frente Nacional, Marine Le Pen, que "disse que com ela os atentados não teriam acontecido", algo que "suscitou controvérsia e indignação" e que pode "mostrar que a instrumentalização com fins políticos deste tipo de dramas não funciona".

Madani Cheurfa acrescentou que a emissão desta quinta-feira também "não vai ajudar os indecisos" porque se tratou de "monólogos em que nada surgiu de novo em termos de promessas" e que quebrou com os debates precedentes nos quais havia "uma confrontação verbal que os franceses apreciam".

O professor no Instituto de Estudos Políticos de Paris reforçou que "claramente há a ideia de continuar a vaga de terror em pleno exercício da democracia que é a campanha eleitoral", mas considerou que "terá mais por consequência de reforçar os franceses na sua adesão à democracia em vez de lhes instalar um sentimento de medo", exemplificando com a reação dos cidadãos após os atentados ao Charlie Hebdo em janeiro de 2015.

O politólogo disse, ainda, que o ataque já modificou a agenda da campanha com a anulação de alguns comícios previstos para esta sexta-feira e admitiu que "tudo pode acontecer".

"Tudo pode acontecer. Realmente tudo. Foi uma campanha que teve de tudo. Depois, houve a detenção de duas pessoas em Marselha que preparavam alegadamente um atentado, o ataque [desta quinta-feira]. Tudo é possível até ao escrutínio e, sobretudo, entre as duas voltas porque se Marine Le Pen chegar à segunda volta pode haver confusão nas ruas e protestos que podem degenerar", concluiu.

Um polícia foi morto e dois ficaram gravemente feridos na quinta-feira à noite, quando um homem disparou contra o veículo em que seguiam na avenida dos Campos Elísios, no centro de Paris. O atacante foi morto por outros agentes da polícia francesa e um transeunte foi também atingido.

O Presidente francês, François Hollande, que convocou um Conselho de Segurança para a manhã de hoje, afirmou que o caso está a ser investigado pela secção antiterrorista da procuradoria de Paris e que as pistas que poderão conduzir a investigação "são de ordem terrorista".

O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou já o ataque, através de um comunicado divulgado pelo órgão de propaganda do EI, a Amaq.

O ataque ocorre a três dias da primeira volta das eleições presidenciais em França, em que a segurança é um dos temas em destaque, após vários ataques terroristas no país nos últimos anos.

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